Em ano de aceleração da inflação, de aumento de desemprego e de queda na renda dos consumidores, o consumo per capita das carnes de frango e suína cresceu.
O consumo médio anual por pessoa de carne suína saiu da promessa de 15 quilos –o que vem sendo esperado há alguns anos– e virou realidade.
Já o de frango foi a 43,2 quilos por pessoa, acima dos 42,7 quilos do ano anterior. Francisco Turra, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), tem uma explicação para isso.
Com os preços elevados da carne bovina no país, o aperto no bolso dos consumidores provocou uma migração de parte deles para as carnes de frango e suínas, de menor valor.
Preços elevados e renda menor dos consumidores realmente derrubaram o consumo de carne bovina no país.
José Vicente Ferraz, da Informa Economics FNP, consultoria especializada no setor, diz que o consumo per capita deve estar entre 30,5 quilos e 31 quilos de carne por consumidor brasileiro. No ano passado, era de 34 quilos, segundo ele.
“É necessário um ganho de produtividade no setor para que a cadeia produtiva evite uma alta de preços para o consumidor, principalmente nos períodos de renda menor”, diz ele.
Foi um ano de desafios para o setor de carnes, afetado por clima, greves e elevação de custos. Mesmo assim, a produção nacional de carne de frango aumentou, colocando o país no segundo lugar entre os produtores mundiais, atrás apenas dos Estados Unidos.
Ao somar 13,13 milhões de toneladas neste ano, conforme dados estimados, a produção do Brasil cresceu 3,5% e superou a da China.
Quando se trata de exportações, o país mantém a liderança mundial. Neste ano serão 4,3 milhões de toneladas, segundo Turra.
A produção de carne suína também aumentou, atingindo 3,6 milhões de toneladas no ano, 5% mais do que no anterior. O mesmo ocorreu com as exportações, que subiram 8,9%, para 550 mil toneladas.
Esse setor teve um grande impulso da Rússia, que está vindo buscar mais produto no Brasil, devido aos litígios políticos com a União Europeia.
Os dois lados impuseram barreiras comerciais devido à situação política na Ucrânia.
Produção e exportação de carne de frango devem subir de 3% a 5% no próximo ano. Já a evolução no setor de suínos será de 2% a 3%, segundo estimativas da ABPA.
As esperanças para o crescimento das exportações de frango vêm da China e do México. Em ambos os casos há promessas de habilitação de novos frigoríficos para a exportação.
No caso do México, a demanda é grande e o país sofreu com os problemas sanitários na América do Norte. Já a China deverá aumentar a procura por carne de frango no segundo semestre do próximo ano, devido a problemas na produção, segundo Ricardo Santín, da ABPA.
No caso dos suínos, a Rússia deve manter o apetite importador. O país foi responsável pela compra de 45% das exportações feitas pelo Brasil neste ano, segundo Rui Eduardo Saldanha Vargas, vice-presidente de suínos da ABPA. O setor espera, ainda, a abertura de mercados importantes como Coreia do Sul, Austrália e União Europeia.
Fonte: Folha de S. Paulo