Tal como o ocorrido em outras culturas, o feijão sofreu por conta de problemas climáticos e ainda sentiu os impactos da mosca branca, fatores que levaram a uma queda ainda não calculada pelo setor. Em alguns estados a perda chega até a 40%, como é o caso de Minas Gerais. Em contrapartida, a área plantada na safra 2013/2014 teve um aumento de 9,2%, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o que fez com que os preços do produto estejam 36% menor este mês na comparação com abril do ano passado. Mas, a partir do segundo semestre, já é esperada uma alta impulsionada pelo atraso na plantação deste inverno, segundo especialistas ouvidos pelo DCI.
“O mercado de feijão depende muito da oferta e da procura e o Brasil tem um consumo já conhecido, em torno de 4 milhões de toneladas/ano no País todo”, diz o produtor e representante do Sindicato Rural de Guarapuava, Roberto Cunha.
O agricultor conta que, no ano passado, a demanda pelo produto aumentou muito e não havia uma oferta compatível. Então, os produtores optaram por plantar mais para a safra 2013/2014 com base no consumo daquele ano. “Foi o que segurou os preços agora, mesmo com a quebra em uma série de regiões”, explica.
Segundo a Conab, a área plantada passou de 3,1 milhões de hectares para 3,35 milhões.
Na região de Guarapuava, no Paraná, a plantação sofreu pelo excesso de calor, que prejudicou o desenvolvimento da planta. Temperaturas superiores a 30º já se tornam nocivas à cultura. Lá, a quebra de safra foi ainda maior do que a média nacional.
“Minha produção anual fica entre 600 e 700 toneladas. Nesse ano vou produzir pouco mais de 300 toneladas”, avalia Cunha.
Em relação à média do País, analistas de mercado discordam das expectativas da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em relação à produtividade da próxima safra.
“A estimativa é de 943 quilos por hectare, em se tratando de produtividade. Historicamente, são 742 quilos por hectare, ou seja, também não atingiremos esta projeção”, destaca o consultor da Câmara Setorial de Feijão e diretor da Corretora de Mercadorias Correpar, Marcelo Lüders.
O consultor afirma que, com relação a preços, R$ 110 por saca de 60 kg já é considerado acima da média, mas a população prefere pagar mais caro para manter o consumo do feijão carioca e de qualidade, mesmo que os valores do feijão preto, por exemplo, estejam mais acessíveis.
Atualmente, a demanda gira em torno de 60% para o feijão carioca, 15% para o preto e 25% distribuídos entre os demais tipos.
Em geral, os custos de produção também aumentaram, fator crucial na movimentação do mercado. “Os custos para o produtor estão em torno de R$ 104, logo, considera-se que a venda a R$ 120 seja um bom investimento – no feijão carioca, o que já é caro para o consumidor”, diz Lüders.
Na região central, além da pressão do mercado de soja, houve um forte ataque de pragas.
“Entre Brasília e Goiás, a mosca branca prejudicou o feijão de segunda época, que já não teve a mesma qualidade. Com isso, já esperamos uma reação nos preços a partir do final de abril, início de maio, por falta de volume”, afirma o consultor técnico da Agrorosso Sementes, Carlos André.
Segundo ele, essa reação de preços será ainda mais forte no próximo semestre porque os produtores ainda não começaram a plantar para a safra de inverno, a espera de que a praga seja totalmente solucionada.
Fonte: DCI