Atraso em compra afeta preços internacionais de fertilizantes

O atraso na compra de fertilizantes pelos produtores para o plantio da segunda safra de milho do país, a chamada safrinha, está contribuindo para evitar a alta dos preços internacionais dos adubos nitrogenados neste primeiro trimestre, mostra estudo da consultoria INTL FCStone. O nitrogênio é um dos principais nutrientes utilizados nas lavouras de milho.

Conforme a consultoria, nas áreas plantadas com o cereal na última safra (2013/14) no Centro-Oeste, 53,9% de toda a demanda por fertilizantes para a segunda safra foi composta por nitrogenados, 17,8% por fosfatados e 25,6% por cloreto de potássio.

 

Grafic

 

João Santucci, analista da FCStone, diz que muitos produtores deixaram para comprar este mês os fertilizantes para a safrinha de milho – cujo plantio ganha força a partir de fevereiro – em função do atraso no plantio da soja e dos preços baixos do cereal. Relatos de distribuidores e lojas de insumo no Centro-Oeste mostram que as vendas de adubos foram fracas em novembro e dezembro, período em que normalmente se concentra a comercialização desses produtos.

Mas Carlos Eduardo Florence, diretor-executivo da Associação dos Misturadores de Adubos (AMA-Brasil), afirma que a demanda por fertilizantes para a segunda safra de milho está voltando à normalidade. Ele avalia que não há preocupações em relação à oferta de adubos.
Segundo Santucci, da FCStone, Brasil e Estados Unidos são grandes players no mercado mundial de fertilizantes nitrogenados, por isso influenciam a cotação desses produtos. Os preços da ureia granular, por exemplo, caíram nas últimas duas a três semanas. Em Paranaguá (PR), a tonelada do produto que chega ao porto estava a US$ 349,00 (antes da internalização) no último dia 22, contra US$ 363,00 em 8 de janeiro. Na última semana de janeiro de 2014, o mesmo produto valia US$ 438,00 diz Santucci.

Apesar do recuo, o analista não vê uma reversão de tendência de preços, já que a demanda dos EUA por nitrogenados deve ser grande. A aplicação de amônia nas lavouras americanas foi menor em 2014 e precisará ser reposta. Isso poderá sustentar os preços do produto. Para ele, “quanto mais [o agricultor brasileiro] esperar [para adquirir o adubo], maior é o risco cambial”.

A FCStone acrescenta que a demanda brasileira ainda é grande, mesmo com o atraso nas compras. Isso, aliado à oferta ajustada no mercado internacional, deve permitir que os preços fiquem em patamares superiores aos do fim de 2014.

Diante da demanda atrasada de adubos para a segunda safra de milho, a programação de chegada de navios para descarregar fertilizantes nos portos brasileiros neste mês (o último a tempo de abastecer a safrinha) e o volume de produtos são menores que em anos anteriores, segundo a FCStone. Ao todo, deverão chegar 71 navios com fertilizantes em todo o País, em janeiro, contra 82 no mesmo mês do ano passado.
Na avaliação de João Santucci, os estoques de adubos em Mato Grosso – o maior produtor de milho de segunda safra do País – são suficientes para atender à demanda pelo produto.

 

 

Fonte: Valor Econômico

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp