Diante da ofensiva do governo para minimizar os efeitos da Operação Carne Fraca, o presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (APF), Carlos Eduardo Sobral disse na noite desta segunda-feira, 20 de março, que foi um “erro” a forma como a investigação foi divulgada. O problema, na avaliação de Sobral, foi classificá-la como a “maior operação” da PF, o que gerou uma repercussão com interpretações equivocadas.
“Acho que houve um equívoco da comunicação da Direção Geral, quando afirmou que foi a maior operação da Polícia Federal, sem explicar que é a maior em quantidade de mandados, mas não em valores, investigados e relevância, dando a entender que foi maior do que pode ter sido. Evidentemente, havia corrupção praticada por fiscais, pode ter problemas alguns frigoríficos, mas foi um problema sistêmico? Quando coloca que é a maior operação … acho que pode ter sido um erro de comunicação”, disse Sobral.
Ao analisar o impacto da investigação nos mercados e na população, o governo buscou ressaltar que os problemas apontados pela PF eram pontuais. O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, disse que houve “erros técnicos” da PF. A Polícia afirmou que há mais provas que ainda não foram reveladas, e agentes afirmam que se trata de apenas “uma fase” da operação.
Mesmo assim, as entidades da categoria criticaram a forma de divulgação. A Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) divulgou nota em que sai em defesa da atuação dos agentes de investigação, mas criticou a forma como as operações vêm sendo divulgadas, muitas vezes com “caráter midiático”.
Sobral avalia que está claro que havia corrupção na prática investigada pela PF, mas aponta que poderia ter havido mais cautela ao divulgá-la.
“Classificaram como a maior operação por causa do número de mandados de busca e apreensão. Mas para você dizer que foi a maior operação da PF, envolve uma série de variáveis, como importância, repercussão econômica, social. Então, ao dizer que é a maior operação da história da uma dimensão muito grande para aquela operação que talvez tenha gerado a interpretação de que aqueles fatos eram um problema sistêmico, de todo o mercado produtivo brasileiro e levado a essa discussão”, disse.
Fonte: Correio Braziliense