Arroz: produtores aguardam levantamento de intenção de plantio do IRGA

Tradicionalmente (exceto no último ano) o Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA) divulga a intenção de plantio para a próxima safra durante a Expointer. E essa é a expectativa dos produtores tanto para o arroz quanto para a soja em várzea, depois que nas últimas semanas foram intensos os contatos dos Núcleos de Assistência Técnica (Nate’s) e coordenadorias regionais do Instituto buscando informações junto aos agricultores para traçarem o perfil da próxima safra.

Junto às coordenadorias e Nate’s foi possível apurar que os dados já estão circulando internamente e foram repassados para algumas lideranças do Conselho do IRGA, indicando mínima evolução da área plantada. Houve troca de informações entre os departamentos e algumas coordenadorias e Nate’s que acabaram confirmando à Planeta Arroz a previsão de leve crescimento na intenção de semeadura.

A condição é óbvia levando em conta quatro fatores básicos: o clima que deve ser mais favorável e a disponibilidade de água; a necessidade dos produtores pagarem quase duas safras com o resultado de apenas uma; o desespero que faz os arrozeiros sem acesso ao crédito oficial aceitarem quase que qualquer condição de financiamento das indústrias e, por fim, preços remuneradores neste segundo semestre.

No entanto há um impasse: temendo queda de preços, parte do conselho e lideranças setoriais pressionam pela não divulgação do estudo.

Omitir as informações da lavoura não teria o menor sentido, uma vez que o maior prejudicado seria o produtor ­ que em última análise é quem banca o funcionamento da instituição.

Afinal, a indústria já sabe quem está financiando, o custeio oficial é de livre conhecimento e as empresas que têm o mínimo de profissionalismo, acompanham a movimentação de seus parceiros, podendo dimensionar a safra e o volume que irão receber. Só quem não terá acesso à informação será o agricultor, especialmente o mais simples, exatamente aquele que talvez seja quem mais precise de orientação quanto à definição de área no momento da tomada de decisão. Tapar o sol com a peneira apenas permitirá que o agricultor desavisado insista em aumentar a área ­ em muitos casos ao preço do aumento de custo e redução de produtividade ­ acreditando que “todo mundo vai reduzir” e repetindo uma história já batida na cadeia produtiva.

Omitir da cadeia produtiva estes dados seria mais um tosco episódio que subestimaria a dinâmica das leis de mercado e a expertise das indústrias, dos fornecedores de insumos e, principalmente, da assistência técnica e das redes sociais e do convívio entre produtores de uma centena de pequenos municípios. Seria um gol contra aos 47 minutos do segundo tempo, já que os agricultores precisam de informações, um insumo fundamental na tomada de decisão.

Sabendo que há uma tendência, ainda não confirmada, de aumento de área semeada, o produtor vai insistir em aumentar e correr risco com o resultado ­ principalmente preços de mercado no próximo ano ­ ou recolher as linhas e tentar manter a área e ganhar em produtividade?

Em tempo: Safras & Mercado projeta 5% de recuperação de área no Brasil e a Brandalizze Consulting projeta recuperação de área a ser colhida entre 30.000 e 50.000 hectares no Rio Grande do Sul.

Fique de Olho

Na próxima semana, Planeta Arroz divulgará a intenção de plantio do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, com base em pesquisa de amostragem com 74 fontes, que já está em andamento, e incluí produtores, empresas de insumos, indústrias, assistências técnicas, Emater/RS e Sindicatos Rurais, Cooperativas Agrícolas e de Crédito de atuação regional, instituições financeiras e entidades de pesquisa e extensão, caso da Cepa/Epagri. O método de pesquisa desenvolvido pela Dados/JP abrange cerca de 82% da área arrozeira do Sul do Brasil.

 

Fonte: Planeta Arroz

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