Arroz: cotações superam os R$ 46,00 pela primeira vez desde o início de 2017

Por Cleiton Evandro dos Santos – AgroDados

 

Os preços médios da saca de 50 quilos de arroz em casca no Rio Grande do Sul alcançaram a média de R$ 46,01 nesta segunda-feira, dia 17 de setembro – patamares que não eram alcançados desde fevereiro de 2017, segundo o indicador de preços Esalq/Senar-RS.

A valorização está associada ao fortalecimento do dólar, que torna menos competitivas as importações de arroz e mantêm a competitividade do produto brasileiro nos mercados externo e interno; à relação entre oferta e demanda, com estoques de passagem muito ajustados e a disputa de produto entre os exportadores e a indústria em algumas regiões, como a Zona Sul e a Planície Costeira Interna gaúchas.

A expectativa de uma safra com retração de 70.000 hectares, segundo levantamento de intenção de plantio do Irga, também começará a pressionar os preços para cima, uma vez que se projeta uma queda de 6,54% para 1.007 milhão de hectares e, pela média de produtividade dos últimos anos, uma colheita de 7.8 milhões de toneladas, quase 700.000 toneladas abaixo da atual temporada.

O risco de El Niño no verão acrescenta riscos à cultura e gera um cenário de maior insegurança ao resultado. Embora no campo das possibilidades, essa conjunção de fatores dá margem para que os preços do grão ao produtor sigam em trajetória de alta por mais algum tempo, até se aproximar da paridade de importação do Mercosul.

A expectativa era de que os preços encontrassem um teto entre setembro e outubro, mas a instabilidade do cenário eleitoral contaminou a economia mais uma vez e o real voltou a se desvalorizar. Isso deu mais “fôlego” na relação entre as cotações em dólar e os preços do produto interno na moeda brasileira. Mesmo assim, as importações do Mercosul aumentaram em agosto e já apresentaram resultado líquido negativo na balança comercial do arroz no Brasil, em pouco mais de 7.000 toneladas.

No entanto, exportadores de arroz brasileiros voltaram a ser demandados por importadores regionais, o que traz esperanças de pelo menos a retomada do equilíbrio na relação importações x exportações.

Observando apenas os números oficiais de oferta e demanda, alguns analistas acreditam que o Brasil terá que ir às compras, pois haveria pouco grão na mão dos produtores locais, pequenas e médias indústrias têm seus estoques em queda acentuada e precisarão buscar o grão no Paraguai e na Argentina, principalmente, onde os valores estão muito competitivos.

Enquanto isso, no mercado livre gaúcho, preços médios variando entre R$ 45,00 em Cachoeira do Sul e Dom Pedrito, R$ 46,50 em Alegrete e R$ 48,50 a R$ 49,00 em Camaquã e Pelotas. Variedades nobres e lotes especiais alcançam cotação superior. O referencial de preços do grão colocado no porto de Rio Grande é de R$ 50,00.

As indústrias seguem advertindo que há dificuldades em repassar os custos para o varejo. E os consumidores percebem escassear as ofertas de arroz abaixo de R$ 10,00 por pacotes de cinco quilos. Os preços devem seguir em alta ao longo da cadeia produtiva.

Os produtores, no momento, começam a se preocupar com a organização do plantio. Se nota um ligeiro atraso no preparo de solo e o clima chuvoso tem atrapalhado. Algumas áreas já estão dessecadas e devem começar a receber sementes ainda em setembro, embora as temperaturas ainda não tenham alcançado os patamares ideais.

Além da redução de área, projetada pelo Irga, se nota uma expectativa de redução do “pacote tecnológico” para diminuir custos e uma preocupação dos arrozeiros na demora da liberação de recursos públicos e privados e com o atraso na entrega de alguns insumos como fertilizantes.

 

Fonte: Planeta Arroz

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