Nada menos que US$ 10 bilhões devem entrar na Argentina nos próximos três meses através da vendas no mercado internacional. É o que aponta levantamento realizado pelo portal Agriculture.com junto a exportadores de grãos e cereais, em reportagem assinada pelo correspondente para América Latina, jornalista Luis Henrique Vieira.
Com o fim das chamadas “retenções” (taxação de vendas externas), o novo governo argentino pretende atrair os dólares que o Banco Central local tanto precisa. Por isso o novo presidente, Mauricio Macri, confirmou o fim dos impostos sobre exportação de todos os grãos exceto a soja, que teve redução de cinco pontos percentuais (fixando em 30%).
Antes da política de retenções impostas pelo governo anterior, a Argentina havia registrado um salto nas exportações da oleaginosa de 7.1 milhões de toneladas em 2005/2006 para 12.1 milhões de toneladas na safra seguinte. Em 2011/2012 esse volume despencou para 6 milhões de toneladas, segundo a Bolsa de Comércio de Rosario.
A razão da baixa foi o armazenamento de grãos por um longo período, prática adotada pelos produtores como uma forma de protestar contra o governo, não gerando reservas cambiais e especulando com o valor da moeda. O Peso argentino continuamente esteve atrasado em relação ao mercado e amargou uma desvalorização histórica no período.
“A disposição dos exportadores (principais beneficiários) é de repassar 50% deste valor aos produtores (aumentando o valor do FAS Teórico) e usar os restantes 50% para aumentar a competitividade do trigo e do milho argentino no mercado internacional (reduzindo o preço). Isto já foi feito na semana passada e, desta forma, a Argentina conseguiu uma fatia da licitação de 600.000 toneladas na Argélia”, disse o analista sênior da Consultoria Trigo & Farinhas, Luiz Carlos Pacheco.
Segundo ele, “para o Brasil isto significará uma redução de até US$ 30,00 a US$ 40,00 a tonelada (hoje já caiu US$ 10,00) tornando o trigo argentino imbatível em relação aos seus concorrentes no mercado brasileiro, principalmente Estados Unidos, Paraguai e Uruguai. A Argentina terá uma disponibilidade ao redor de 7.0 milhões de toneladas para exportar nesta temporada, das quais 4.0 milhões da safra atual e 3.0 milhões da safra anterior, retidas pelo governo de Cristina”.
Fonte: Agrolink