Um novo estudo realizado pela Embrapa Territorial, com o geoprocessamento dos dados do Censo Agropecuário 2017 e do Sistema Nacional do Cadastro Ambiental Rural (SiCAR, com atualização até fevereiro deste ano), mostra que as áreas de vegetação nativa preservadas pelo mundo rural brasileiro somam 282.8 milhões de hectares e representam 33,2% do território brasileiro.
No entanto, muitos imóveis rurais ainda não se registraram no CAR. O novo estudo utilizou como complemento os dados georreferenciados do Censo Agropecuário 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), afim de obter o volume de terras dedicadas à preservação nesses casos. O Censo incluiu as coordenadas geográficas dos estabelecimentos agropecuários visitados pelos recenseadores, bem como os trajetos por eles percorridos.
“Dispor das coordenadas geográficas de quase seis milhões de estabelecimentos agropecuários permitiu quantificar, em 2021, quem ainda não se cadastrou no CAR e identificar os padrões de sua repartição territorial”, informou o chefe-geral da Embrapa Territorial e membro titular da Academia Nacional de Agricultura da SNA, Evaristo de Miranda, coordenador da pesquisa.
Metodologia
A Embrapa Territorial cruzou as coordenadas geográficas de 5.063.771 estabelecimentos agropecuários do Censo 2017 com os perímetros de 5.953.139 imóveis registrados no CAR até fevereiro de 2021 e identificou 1.885.955 estabelecimentos sem cadastro no SiCAR.
Com os dados médios de vegetação nativa levantados pelo Censo do IBGE, a Embrapa Territorial estimou em 55.443.219 de hectares as áreas dedicadas à preservação nos estabelecimentos não registrados no SiCAR. Isso equivale a 6,5% do território nacional.
Já as áreas mapeadas pelos produtores no CAR até fevereiro de 2021, como dedicadas à vegetação nativa, chegam a 227.415.630 hectares ou 26,7% do Brasil. A soma desses dois números resulta em um terço do território brasileiro destinado à preservação pelo mundo rural, a maioria em terras privadas.
Mapeamento
O cadastramento no CAR exige acesso à internet, conhecimentos de geoprocessamento e suporte técnico. A análise da repartição espacial dos produtores não registrados no CAR pela Embrapa mostra sua concentração na Amazônia, no semiárido Nordestino e em locais de agricultura familiar. A pesquisa indica, por município, o avanço da informatização e da conexão no campo e os locais onde isso ainda não ocorreu.
“No CAR é o produtor quem vai em direção ao Estado registrar seus dados. No Censo Agropecuário, é o Estado quem envia seus recenseadores em direção do produtor, onde quer que ele esteja”, explica Miranda.
O pesquisador acrescenta que “os novos métodos de integração do Censo com o CAR permitem uma compreensão inédita da territorialidade da agricultura brasileira, de sua produção e de seus serviços ambientais, ao destinar à preservação da vegetação uma área equivalente a um terço do território nacional.”
Estruturação
Desde 2016, a Embrapa Territorial desenvolve e aprimora métodos para quantificar o papel da agropecuária na preservação da vegetação nativa, em áreas de preservação permanente, reserva legal e vegetação excedente. Os estudos são feitos com o geoprocessamento dos dados cartográficos sobre a vegetação nativa, registrados pelos próprios produtores rurais sobre imagens de satélites no CAR, uma exigência do Código Florestal Brasileiro.
No site da Embrapa Territorial, além do detalhamento de todo o trabalho, está disponível um painel dinâmico. Nele, o usuário pode visualizar números, mapas e gráficos e fazer o download dos dados referentes às áreas dedicadas à preservação da vegetação nativa nos imóveis rurais do CAR por município, estado ou região.
É possível também utilizar como recorte territorial os biomas brasileiros. A página apresenta, ainda, dois pôsteres preparados pela equipe da Embrapa Territorial: um com o resumo das áreas protegidas no Brasil e no mundo, e outro com as áreas preservadas pelo mundo rural brasileiro. Ambos também estão disponíveis para download em alta resolução.
Mais informações: https://www.cnpm.embrapa.br/projetos/car/rural2021/
Leia aqui, na íntegra, o artigo de Evaristo de Miranda sobre o estudo – “Cinquenta tons de verde”.
Fonte: Embrapa Territorial
Foto da capa: Divulgação/WWF Brasil
Equipe SNA