A Associação dos Produtores de Soja e Milho de Rondônia (Aprosoja Rondônia) está propondo a realização de consulta pública para revisão da metodologia utilizada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) em seus levantamentos da safra de grãos. A proposta, que tem o apoio da Aprosoja Brasil, foi apresentada à Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Soja e da Câmara do Milho do Ministério da Agricultura.
“Queremos contribuir com a metodologia da Conab. É um processo de amadurecimento já que até 2020, os técnicos não iam ao campo. Em consulta pública, abrindo a forma que os dados são apurados, talvez pudéssemos melhorar ou até mesmo ratificar a metodologia da companhia”, disse o consultor da Aprosoja Rondônia, Thiago Rocha, na reunião setorial realizada nesta terça-feira, em Brasília.
Os levantamentos mensais de safra de grãos da Conab vêm sendo alvo de críticas de entidades do setor produtivo, que alegam que as previsões recentes não retratam a real quebra da safra de grãos 2023/24. “Entendemos que o intervalo de um mês é longo para a atualização dos dados durante a colheita. Um acompanhamento com novas tecnologias poderia refinar as estimativas”, indicou Rocha.
A proposta da entidade contempla também o credenciamento de institutos de pesquisa estaduais e privados para auxiliar a Conab no levantamento dos dados brutos. “É uma discussão a ser feita entre a Conab e o setor produtivo. Não podemos ter expectativa que a Conab tenha equipe em todos lugares do País, talvez o IMEA em Mato Grosso ou o DERAL no Paraná podem ajudar com a coleta de dados brutos”, exemplificou Rocha. Ele lembrou que a queixa sobre a assertividade dos levantamentos da companhia não se restringe às safras de soja e milho, encontrando ressonância em setores, como o café.
Mais cedo na mesma reunião, o Secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Neri Geller, rebateu as críticas à companhia, ressaltando que a Conab possui mais de 20 anos de levantamentos de safra. “Tenho acompanhado questionamentos a respeito do levantamento de safra da Conab. Temos obrigação de acompanhar, mas sem interferência de metodologia porque são dados e estudos técnicos sempre assertivos e próximos a outras consultorias e ao setor”, disse Geller. O Secretário pediu cautela aos representantes do setor produtivo.