Após ganhar força no Brasil, Mosaic busca baixar custo logístico

Se ganhou ainda mais envergadura no Brasil após adquirir ativos da Vale por US$ 2 bilhões, a americana Mosaic, uma das maiores empresas de fertilizantes do mundo, estuda alternativas para reduzir seus custos logísticos, que aumentaram em decorrência do avanço da produção.

A preocupação não é nova, mas cresceu depois da greve dos caminhoneiros que parou o país em maio do ano passado. Com a paralisação, a Mosaic, que comercializa fertilizantes à base de fosfato e potássio, informou que registrou perdas de US$ 11 milhões.

“Estamos tentando entender como vamos fazer o nosso sistema logístico, que já é bom, ficar ainda melhor. Porque os custos quando se transporta tudo por caminhão são bem elevados e estamos olhando uma alternativa ferroviária”, disse o canadense Rick McLellan, vice-presidente sênior da Mosaic Brasil, ao Valor.

Segundo estudo do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (EsalqLog/USP), a tabela de fretes mínimos rodoviários criada pelo governo após a greve ampliou os gastos do transporte dos fertilizantes intermediários (matérias-primas da indústria) importados dos portos até as unidades de mistura (onde são fabricados os produtos finais) em cerca de 80% em 2018 em relação a 2017.

“Quando olhamos para as misturas que usam enxofre e amônia, importamos 100%”, disse McLellan. A proposta é fazer parte do transporte entre o porto de Santos (SP) e Rondonópolis (MT) por trem. Mas o modal já está com a capacidade esgotada e não há margem para negociação.

Quando concluiu a compra dos ativos da Vale, no início do ano passado, a Mosaic incorporou cinco minas de fosfato, quatro fábricas de produção de químicos e fertilizantes e uma unidade de potássio, que inclui o projeto de Carnalita. A transação contemplou, ainda, a venda da participação de 40% da mineradora brasileira na mina de fosfato Miski Mayo, no Peru, o que elevou a fatia da Mosaic no negócio para 75%, e um projeto de potássio em Kronau, no Canadá.

“A expectativa era chegar, no primeiro ano, a US$ 100 milhões em sinergias com os ativos da Vale. Mas já no fim do terceiro trimestre chegamos a US$ 102 milhões”, disse o executivo. McLellan veio morar no Brasil após a aquisição para trabalhar na consolidação. Com os resultados acima do esperado, ele avalia que as sinergias podem ter alcançado entre US$ 140 milhões e US$ 160 milhões em 2018.

Com o negócio, a capacidade de produção anual da Mosaic cresceu de 20 milhões para 27.2 milhões de toneladas de fosfato concentrado e potássio, o que representa 16.8 milhões de toneladas de fertilizantes fosfatados e 10.4 milhões de toneladas de potássio. Hoje, a americana é a maior produtora de fosfatados do mundo e a quarta de potássicos.

Segundo McLellan, a produtividade dos ativos que vieram da Vale já cresceu cerca de 15%. “E vemos espaço para melhorar ainda mais”. De janeiro a setembro de 2018, a Mosaic registrou receita líquida global de US$ 7 bilhões, crescimento de 33% em relação ao mesmo período de 2017. O lucro líquido aumentou 10%, para US$ 358 milhões.

“Os resultados do Brasil foram melhores que o esperado. As margens foram boas, mas não as que a gente gostaria que fossem. Tivemos de gastar um tempo tentando deixar as operações mais eficientes”, destacou McLellan. No acumulado dos três primeiros trimestres do ano, as vendas no Brasil geraram receita de cerca de US$ 2.9 bilhões, disse.

“Mas ainda há espaço para crescer. O Brasil é um grande mercado para a venda de fosfato e potássio e a Mosaic é uma importante empresa de fosfato e potássio. É um casamento perfeito”, brincou.

No ano passado, a Mosaic abriu a produção da mina localizada em Patrocínio (MG), com capacidade estimada em 2.2 milhões de toneladas de rocha fosfática por ano. Para 2019, o vice-presidente não espera grandes oscilações de preços dos adubos no mercado internacional como foi observado no ano passado. O aumento das cotações de potássio contribuiu para os resultados da multinacional.

Valor

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