As vendas internacionais impulsionaram o setor produtivo brasileiro em 2021. Em faturamento com exportações, o agronegócio registrou um aumento de 18,40% e a indústria alimentícia, que engloba alimentos e bebidas de 16,80%. Dentro dos dois segmentos, vários setores apoiados pelos projetos setoriais da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) tiveram resultados recordes, como o aumento de volume de 81,50% nas exportações de ovos, de 23% de algodão e 11% de carne suína. Além disso, em receita, registou um aumento de 25,70% nas exportações de carne de frango, 20% de frutas e 9% de carne bovina.
“Os resultados de 2021 são reflexo não só de condições externas econômicas, como a cambial, mas também do próprio potencial do agronegócio brasileiro. Mesmo no contexto de pandemia, tivemos todas as cadeias produtivas do setor ativas e dinâmicas, implementando medidas necessárias de proteção de seus colaboradores. Além disso, temos práticas de sustentabilidade reconhecidas no mundo todo, que também garantiram credibilidade aos produtos brasileiros em 2021. Nossas ações estratégicas das marcas setoriais divulgam ao mundo a qualidade da produção do Brasil”, disse o Gerente de Agronegócios da ApexBrasil, Márcio Rodrigues.
A promoção de vendas é feita através de ações de marketing e relações públicas e da participação das empresas integrantes às marcas em eventos internacionais, como a Gulfood, principal feira de alimentos e bebidas do Oriente Médio, a Sial Paris, e a Sial China, maior feira de produtos alimentícios inovadores da Ásia.
Pecuária
Estão associados aos resultados expressivos de proteína animal os projetos setoriais Brazilian Chicken, de carne de frango, o Brazilian Egg, para exportação de ovos in natura e processados, e o Brazilian Pork, para promoção da carne suína brasileira, realizados com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Para a carne bovina, desde 2001, a ApexBrasil desenvolve com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) o Brazilian Beef, que hoje é uma marca consolidada responsável por 98% das exportações de carne bovina brasileira.
Com êxito em 2021, as vendas de produtos de ovos in natura e processados para o mercado internacional somaram 11.300 toneladas, o que representou US$ 18 milhões em receitas e 80% a mais em relação à arrecadada em 2020. Os principais destinos foram os Emirados Árabes Unidos, com 6.900 toneladas exportadas, seguidos do Japão, que importou 1.100 toneladas, e Omã, com 408 toneladas.
As exportações brasileiras de carne suína, por sua vez, aumentaram 11% em volume, marcando também um novo recorde de 1.13 milhão de toneladas. Em receita, houve um aumento de 16,40% nas exportações, em relação a 2020. A China foi o principal destino do setor, consumindo cerca de metade das vendas.
“Nosso país tem os mais altos padrões sanitários do mundo, de modo que nunca tivemos, por exemplo, caso de influenza aviária, ao passo que boa parte dos nossos concorrentes internacionais têm problemas sérios com isso”, disse o Diretor de Mercados da ABPA, Luís Rua. “Divulgar nossos pontos positivos como esse nos projetos setoriais é um elemento que os torna peça chave para o sucesso de exportações. As ações que desenvolvemos fortalecem a imagem do Brasil no exterior, como a grande ação que fizemos no ano passado com mais de 300 banners sobre a qualidade da nossa proteína, em estações de metrô da Coréia do Sul. Também estivemos presentes no Japão durante as Olimpíadas, com ações de divulgação na esquina mais movimentada do mundo, a Shibuya em Tóquio”, disse.
Além disso, o Brasil manteve seu posto de maior exportador de carne de frango no mundo e quebrou seu próprio recorde ao exportar 4.6 milhões de toneladas, o que representou um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2020. A receita, considerando produtos in natura e processados, aumentou 25,70%, com US$ 7.66 bilhões. O principal destino foi a Ásia, que importou 1.64 milhão de toneladas.
A indústria de carne bovina fechou o ano com faturamento de US$ 9.236 bilhões em exportação, 8,30% acima do obtido em 2020. Para 2022, a expectativa é faturar a marca histórica de US$ 10 bilhões.
“Esse número tem ainda mais relevância se considerado o contexto em que vivemos de pandemia e de um período de embargo da China. Ele é reflexo do trabalho feito em sinergia entre setor público e privado. Em março de 2021, por exemplo, foi fundamental a publicação do decreto, pelo governo federal, que incluiu como serviço essencial o funcionamento de toda a cadeia de alimentos e bebidas. Assim como é relevante o Brazilian Beef, da ABIEC e da ApexBrasil, que há 21 anos dá visibilidade e credibilidade à carne brasileira e promove participação dos produtores em eventos que abrem portas do mundo todo, como a Gulfood, que fomos no ano passado e iremos de novo em fevereiro” disse o Presidente da ABIEC, Antônio Jorge Camardelli.
Fruticultura
Em 2021, o setor registrou US$ 1 bilhão de faturamento com exportações e essa era, inclusive, a principal meta dos produtores da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas), quando firmaram o convênio do Frutas do Brasil com a ApexBrasil em 2014. Em volume, o País exportou seu volume recorde: cerca de 1.21 milhão de toneladas de frutas, 18% a mais do que no ano anterior.
Um dos principais fatores que favoreceram esses resultados foram a questão cambial, com dólar e euro valorizados em relação ao real, além dos altos níveis de produção interna. Outro fator que explica o número recorde foi a intensificação do consumo de alimentos saudáveis na pandemia.
O Frutas do Brasil tem sido fundamental para amadurecimento da cultura exportadora na fruticultura brasileira, segundo o Secretário de Comércio e Relações Internacionais da Abrafrutas, Jorge Souza. No escopo do projeto setorial, além das ações de vendas em eventos internacionais, são elaborados planos de divulgação da fruta brasileira como um produto de qualidade para a saúde.
“Diferente de outros setores do agro, como grãos, a fruticultura do nosso país é fomentada, principalmente, por médios e pequenos produtores. Nesse sentido, é muito importante ações que o fortaleçam, como é o caso do Frutas do Brasil, que agrega não só as ações internacionais, como presença em eventos em outros países, além da organização e otimização da própria cadeia produtiva internamente. Através da parceria com a ApexBrasil conseguimos, por exemplo, investir em modernização das nossas operações”, disse Souza.
Algodão
Entre agosto de 2020 e julho de 2021, o Brasil exportou 2.4 milhões de toneladas de algodão, 23% a mais do que no ciclo anterior, o que gerou US$ 3.77 bilhões em receita. A China foi o principal destino, responsável por 30% do total exportado. O Presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão, Júlio Cezar Busato, ressalta que é recente o destaque do país como exportador da fibra, fruto de muito trabalho e investimento em tecnologia.
“Em 1997, por exemplo, o Brasil era o segundo maior importador mundial de algodão. Com o tempo, se investiu em aumentar a produção interna, através de tecnologia e melhorias nos processos produtivos, de modo que a cotonicultura brasileira hoje possui a maior produtividade mundial de algodão não-irrigado. Além disso, buscamos divulgar nossa qualidade no exterior com o apoio da ApexBrasil, que em 2020 começou conosco o plano Cotton Brazil. Através do projeto, juntamente com a Associação Nacional dos Exportadores de Algodão, o Ministério das Relações Exteriores e nossas embaixadas, fizemos 18 edições dos Cotton Days Brazil, em que apresentamos o algodão brasileiro para mais de 3.000 empresários do setor têxtil asiático. Focamos na sustentabilidade, rastreabilidade e qualidade do nosso produto”, disse Busato.
O Cotton Brazil já impulsionou vendas para países como China, Vietnã, Paquistão, Bangladesh, Turquia, Coréia do Sul, índia, Indonésia e Tailândia.
Bebidas
As exportações de cachaça, produto genuinamente do Brasil e ícone da cultura nacional, também aumentaram significativamente em 2021. Foram vendidos, ao todo, 7.22 milhões de litros, com faturamento acima de US$ 13 milhões, um aumento de 29,52% em volume e 38,39% em receita em relação a 2020.
O setor também conta com investimento e assessoria da ApexBrasil, através do programa setorial com o Instituto Brasileiro da Cachaça (IBRAC). O Cachaça: Taste The New, Taste Brasil promove ações de capacitação de produtores e de marketing em torno do produto, para agregar valor à cachaça como um produto cultural e com qualidade competitiva internacionalmente.
As ações, bem como as marcas setoriais de proteínas mencionadas, englobam a participação em eventos internacionais. Como em novembro de 2021, que 38 cachaças de 20 empresas receberam o apoio do Projeto para participarem em Bruxelas do Spirits Selection, um dos principais concursos mundiais de destilados.
Outra aposta setorial para as bebidas é o Wines Of Brazil, projeto assinado em novembro entre ApexBrasil e União Brasileira de Vitivinicultura (UVIBRA) para promoção de vinhos e espumantes, que apresentam seu melhor desempenho desde 2014. Entre janeiro e novembro de 2021, 7.7 milhões de litros de vinhos finos brasileiros embarcaram para 53 países, com um aumento de 91,18% nas exportações. Houve um aumento de 32,49% das vendas de espumantes, que chegaram a 869.000 litros.
A marca setorial, segundo o gerente de promoção comercial da UVIBRA, Rafael Nascimento, irá consolidar ainda mais as exportações do segmento. “Assinamos no fim do ano passado este convênio e foi o momento ideal. Em função de variáveis macroeconômicas, como as taxas de câmbio, nossos vinhos e espumantes têm tido grande demanda no exterior. Quando surgiu a possibilidade de firmar esse projeto com a ApexBrasil, nos preparamos durante um ano, organizando os produtores das vinícolas e trabalhando na estrutura para aumentar a produção. Estamos otimistas”, disse Rafael.