Soja
As cotações da soja melhoraram nesta primeira semana de maio, com o vencimento julho/2017 fechando a quinta-feira (4) na CBOT cotado a US$ 9,74 ¼ contra US$ 9,57 ¼ uma semana antes.
Como era previsto, o “mercado do clima” está agindo fortemente em Chicago. As intensas chuvas nas regiões de produção nos EUA começam a gerar especulações de que os plantios de milho e soja possam atrasar e não atingir toda a área estimada. Além disso, algum potencial de produtividade, para as áreas já semeadas, poderia diminuir.
Vale salientar que, para a soja, ainda é cedo para se especular quanto a redução de área e produtividade, lembrando que as dificuldades com a semeadura do milho podem muito bem levar a um aumento ainda mais significativo na área de soja. Todavia, se o clima continuar ruim nos próximos dias, as preocupações e especulações do mercado irão aumentar.
Outro fator que auxiliou na firmeza em Chicago veio das exportações líquidas estadunidenses de soja. As mesmas, na semana encerrada em 20/4, somaram 808.100 toneladas da safra 2016/17 e 72.300 toneladas da safra 2017/18, superando largamente o esperado pelo mercado no somatório destes dois anos comerciais.
Em contrapartida, o plantio de soja nos EUA avança muito bem, apesar das intempéries, demonstrando que as mesmas não estão, ainda, prejudicando a soja. O mesmo, até o dia 30 de abril, alcançava 10% da área esperada, contra 7% na média histórica para esta época do ano.
Dito isso, o mercado espera o relatório de oferta e demanda do USDA, que será divulgado no próximo dia 10/5. O mesmo indicará as primeiras estimativas de produção para a nova safra estadunidense.
Já na Argentina, até o final de abril a colheita da soja chegava a 34%, contra 24% na mesma época do ano anterior. E no Brasil a colheita atingia a 95% da área, ficando exatamente dentro da média histórica para este período do ano. Rio Grande do Sul, Bahia e Santa Catarina são os três principais estados onde o percentual a ser colhido ainda é relativamente importante.
Quanto aos preços no Brasil, após o dólar flertar com o valor de R$ 3,22 na semana anterior, o mercado se estabilizou ao redor de R$ 3,17 nesta semana. Todavia, a melhoria em Chicago ajudou a elevar um pouco os preços médios da saca de soja. Assim, o balcão gaúcho fechou a semana em R$ 58,35/saca, enquanto os lotes fecharam a semana entre R$ 63,00 e R$ 63,50/saca. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 53,50/saca em Sorriso e Diamantino (MT) e R$ 66,50/saca em Campos Novos (SC), passando por R$ 64,00 no centro, oeste e norte do Paraná, R$ 56,50 no Tocantins e R$ 59,00/saca no Piauí.
Milho
As cotações do milho em Chicago subiram um pouco durante esta semana, porém, não se sustentaram, não refletindo, como no caso da soja, a especulação climática existente nos EUA. Ou seja, estamos diante de uma grande contradição, pois o milho é o produto que deveria ser mais atingido pelo excesso de chuvas deste momento nos EUA. Assim, o vencimento julho/2017 fechou ontem cotado a US$ 3,66 ½, contra US$ 3,69 ¼ uma semana antes.
O fator clima continua sendo o elemento central neste momento, mesmo que os efeitos especulativos, por enquanto, não sejam grandes no mercado do cereal. Além disso, o mercado espera o relatório de oferta e demanda do USDA, previsto para o próximo dia 10. Segundo o mercado, “o relatório poderá cortar estoques da safra velha de milho e soja devido às exportações. Porém, deverá elevar substancialmente os estoques de soja da safra nova e cortar os estoques de milho.” (cf. Safras & Mercado)
Por outro lado, até o dia 30 de abril o plantio de milho nos EUA estava dentro da média histórica, ou seja, 34% da área esperada. Na Argentina e no Paraguai, a tonelada FOB de milho fechou a semana na média de US$ 163,00 e US$ 100,00 respectivamente.
No Brasil, a média no balcão gaúcho ficou em R$ 22,08/saca, acusando leve melhoria em relação às semanas anteriores. Já os lotes oscilaram entre R$ 26,50 e R$ 27,00/saca. Nas demais praças nacionais os lotes de milho giraram entre R$ 17,50 em Sapezal (MT) e R$ 27,50/saca em Videira (SC).
Na região paulista da Sorocabana o mercado disponível se manteve entre R$ 24,00 e R$ 25,00/saca, enquanto o referencial Campinas se manteve em R$ 28,50/saca CIF igualmente no disponível (cf. Safras & Mercado).
Por sua vez, as exportações de milho brasileiras registraram um volume de apenas 154.700 toneladas em abril, com preço médio de US$ 175,00/tonelada.
Já a colheita da safra de verão no Centro-Sul brasileiro atingiu a 90% da área no final de abril, sendo Minas Gerais o estado mais atrasado com 70% da área colhida até esta data.
Enfim, no dia 4 de maio o governo liberou dois editais de 200 mil toneladas cada um, para leilões de Pepro e de Pep. Segundo Safras & Mercado, o primeiro, que autoriza a venda de milho derivado dos leilões para São Paulo, o que deverá prejudicar produtores locais. Depois exige RE (documento de exportação) para os lotes destinados a exportação. Não são todas as tradings que fornecem este documento ao produtor. Além disso, os volumes dos leilões podem provocar forte queda nos prêmios praticados.
Trigo
As cotações do trigo em Chicago deram um salto durante esta semana, com o vencimento julho/2017 registrando máxima de US$ 4,61 ½ no dia 2 de maio. Contudo, perderam muita força na quinta-feira (4), com o julho/2017 fechando cotado a US$ 4,37 ¾. As cotações mais elevadas não eram vistas desde meados de fevereiro passado.
A sustentação dos preços em Chicago se deu pelo clima desfavorável nas Planícies produtoras dos EUA, sendo registradas nevascas no oeste do Kansas e sudeste do Colorado, em plena primavera daquele país. Já no Mercosul, a tonelada FOB para exportação não se alterou, ficando entre US$ 175,00 e US$ 192,00.
No Brasil, o mercado apresentou um pouco mais de liquidez neste início de maio. A média gaúcha no balcão registrou R$ 28,40/saca, enquanto os lotes se mantiveram entre R$ 31,00 e R$ 32,00/saca. No Paraná, os lotes se mantiveram, na referência, igualmente entre R$ 36,00 e R$ 38,00/saca, não havendo mudanças nos preços médios do balcão.
Vale registrar que a Argentina reviu para cima sua produção final de trigo, com a mesma atingindo agora 18 milhões de toneladas, contra as 15 milhões de toneladas estimadas anteriormente. Isso confirma nossos alertas de que a tendência de colheita na Argentina era de forte aumento na produção, devido à retirada do imposto de exportação.
De um total de 16 milhões de toneladas disponíveis no país vizinho, contabilizando o estoque de passagem, os argentinos já teriam negociado 12 milhões de toneladas. O Brasil, que no total já importou mais de 5.2 milhões de toneladas, deverá adquirir no exterior ainda mais um milhão de toneladas, pelo menos, entre maio e agosto (mês em que se encerra o atual ano comercial).
A pequena alta do dólar durante a semana, embora tenha melhorado um pouco a competitividade do trigo nacional perante o importado, ainda não permite entusiasmar os produtores nacionais do cereal. Aliás, os importadores continuam dando preferência ao produto argentino.
Enfim, vale destacar que começa a diminuir de forma considerável a disponibilidade de trigo para exportação junto aos países vizinhos do Mercosul. Isso deverá oferecer um pouco mais de liquidez ao produto brasileiro nas próximas semanas, podendo melhorar o preço interno, o qual lentamente parece iniciar uma reação.
Fonte: Ceema / Unijui