Desafios na exportação e a realidade do mercado de caféDurante o Seminário, os participantes destacaram a dificuldade na exportação de cafés do Brasil, mencionando a infraestrutura deficiente do Porto de Santos, atrasos de navios e altos custos de taxas e embarcações. Essas questões são pertinentes e exigem nossa atenção com ações bem conduzidas para evitar prejuízos ao setor. Entendemos que o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) tem mantido uma excelente posição frente às necessidades de ajustes no Porto, em busca de melhoria no processo logístico de envio dos nossos cafés ao exterior. Continuaremos apoiando o trabalho realizado pelo presidente da entidade, Márcio Cândido e pelo Diretor, Marcos Matos. Outro ponto levantado foi a percepção de baixos estoques globais de café e condições climáticas adversas em países produtores, incluindo o Brasil. Houve uma declaração – que julgamos não pertinente – exagerada de que o Brasil deverá fornecer 80% do café consumido mundialmente nos próximos 10 anos. Essa afirmação, claramente movida por interesses comerciais, ignora a complexidade e a diversidade do mercado global de café. Equilíbrio na oferta e demanda de caféFoi também sugerido que há um excedente de café arábica e um déficit de robusta no Brasil. No entanto, a composição dos blends de café varia conforme a necessidade das indústrias e cafeterias, influenciada pelo custo e preferência dos consumidores. As alegações de insuficiência de café disponível são infundadas. Dados recentes mostram um aumento contínuo na produção de café no Brasil, mesmo frente a condições climáticas adversas: 2021: 47,7 milhões de sacas 2022: 50,9 milhões de sacas 2023: 55,1 milhões de sacas 2024: previsão de 58,8 milhões de sacas O levantamento da OIC demonstra um equilíbrio entre oferta e consumo, refutando a ideia de escassez, confirmando o cenário ideal para a sustentação dos preços.
Divulgação e marca “Cafés do Brasil”Durante o Seminário, foi alegado que falta divulgação dos cafés brasileiros nos mercados europeu e americano, com a Colômbia sendo citada como exemplo de sucesso. Essa visão desconsidera os esforços contínuos para promover a marca “Cafés do Brasil”, que tem ganhado força. A participação do Conselho Nacional do Café, através de suas cooperadas, em eventos como o G20, com a presença de governos, diplomatas e influenciadores, têm sido fundamentais na promoção da qualidade e sustentabilidade do nosso café, e também mantendo contato com embaixadores de países consumidores. E, claro, temos que avançar. Para isso, o Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) irá disponibilizar R$ 4,5 milhões que serão utilizados para promoção do café brasileiro. Outro ponto importante, o Cecafé, liderado por Márcio Cândido e Marcos Matos, desempenha um papel fundamental na divulgação global dos cafés do Brasil, promovendo sustentabilidade e qualidade no exterior. Além do mais, houve uma crítica promovida durante o encontro afirmando que o mercado precisa saber o que o Brasil fará no futuro. Trata-se de uma colocação infeliz. O que importa é o que estamos fazendo agora: investindo em pesquisa, ciência, tecnologia, com variedades mais precoces, produtivas e adaptadas às condições climáticas adversas, reduzindo assim, os custos de produção. Não podemos mostrar ao mercado quais os próximos passos estratégicos iremos dar. Funcafé e investimentosPara a safra 2024/2025, o Funcafé disponibilizará R$ 6,886 bilhões, distribuídos em várias linhas de crédito, garantindo suporte ao setor. Cabe lembrar que através da gestão do CNC e o apoio do Secretário de Política Agrícola, Neri Geller, que compreendeu o alcance do projeto, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) vai receber um repasse de R$ 1,7 milhão oriundos de recursos do Funcafé, especificamente para serem utilizados no aperfeiçoamento do levantamento de safra. O Conselho Nacional do Café está em constante contato com Diretor-Executivo de Política Agrícola e Informações, Sílvio Porto, e sua equipe no processo de alinhamento do projeto, contando com o apoio das cooperativas e a expertise de seus técnicos, inclusive com a adesão de nova metodologia. Boas Práticas TrabalhistasSobre as questões de sustentabilidade social, cumpre citar que em 2023, assinamos o primeiro Pacto pela Adoção de Boas Práticas Trabalhistas. Algumas entidades representativas não quiseram ser signatárias num primeiro momento. Em 10 de maio de 2024, assinamos um segundo pacto, ampliado e aprimorado, com a participação de praticamente todas as representações, formalizando o trabalho dos safristas e garantindo a continuidade dos benefícios do programa Auxílio Brasil. Sustentabilidade e futuro do café brasileiroOs pilares da sustentabilidade abrangem o tripé: ambiental, social e econômico. Porém, as duas primeiras são muito enfatizadas, mas esquecem-se de que sem discutir o preço pago ao produtor, não vamos avançar. Sem produção não há industrialização, nem exportação. Por isso, sugerimos que futuros seminários incluam debates mais abrangentes sobre esse tema, promovendo uma compreensão necessária dos desafios e avanços da cafeicultura, mas ressaltando que a permanência do produtor na atividade depende de renda e bem estar social. Por: CNC – Conselho Nacional do Café com edição da redação da SNA |