As alterações no regime de chuvas na região Sul do país neste ano provocaram uma quebra na safra de trigo do Paraná, cuja colheita está no final. Já no Rio Grande do Sul, onde a safra do cereal é um pouco mais tardia, podendo durar até meados de novembro, apesar da chuva recente, o setor acredita que a produção deve ficar mais ou menos alinhada com a do ano passado, podendo se igualar ou até ultrapassar a do Paraná, que tradicionalmente é o maior produtor de trigo do país.
De acordo com os últimos dados do Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), divulgados nesta quarta-feira (22), com a colheita realizada em 84% da área plantada, a produção de trigo no estado deve ser de 2,2 milhões de toneladas, 22% abaixo dos 2,8 milhões do ano anterior. No Rio Grande do Sul, o chefe-geral da Embrapa Trigo, Osvaldo Vieira, diz que a produção do estado deve ficar entre 2 milhões e 2,3 milhões.
“Ainda tem muita área para terminar a colheita no Rio Grande do Sul, então não há uma estimativa tão precisa. A chuva que caiu recentemente foi intensa só por dois ou três dias e não deve atrapalhar significativamente esta safra de trigo no estado, que deve ter boa qualidade”, avalia Vieira.
O executivo explica que o clima ideal para o trigo é com chuva na fase inicial e no enchimento do grão, mas, na colheita, o melhor é o tempo seco. No Paraná, apesar de, durante a maior parte da colheita, não ter ocorrido chuvas, a estiagem na fase inicial e do enchimento do grão prejudicou esta safra. “Principalmente na região de Londrina e de Maringá, teve um período de seca muito grande”, acrescenta.
O meteorologista Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, explicou que, durante boa parte da primavera na região Sul, a chuva ficou concentrada apenas no Rio Grande do Sul e avalia que ainda há potencial para perdas na safra do trigo no estado. “Nas próximas semanas, a expectativa é de que as chuvas aumentem gradativamente sobre o Paraná e, no Rio Grande do Sul, ainda deve continuar chovendo, mas de forma mais espaçada”, prevê Oliveira.
De acordo com o meteorologista, no caso do Paraná, com as chuvas se regularizando em novembro e dezembro, a safra da soja, cujo plantio atrasou devido à estiagem de setembro e de outubro, deve ser recuperada. Entretanto, Oliveira ressalta que o atraso no plantio da soja neste ano no estado pode prejudicar a safrinha de milho do ano que vem, já que o grão é plantado após a colheita da oleaginosa.
Fonte: Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral)
Equipe SNA