Para produzir 15 toneladas de milho por hectare, não basta simplesmente aumentar a quantidade de insumos. É preciso que os produtores utilizem os insumos de forma racional e balanceada, explorando ao máximo as diferentes tecnologias hoje disponíveis no mercado. Entre todas as tecnologias, medidas de manejo como o Sistema Plantio Direto e a Integração Lavoura-Pecuária crescem cada vez mais. No entanto, o uso de milhos Bt e o tratamento de sementes ganham força até mesmo quando o assunto é a sustentabilidade.
Segundo José Carlos Cruz, pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, a alta produtividade não tem sido conseguida de um ano para o outro, mas sim de forma gradual. Ele diz que esse é um processo através do qual o produtor vai aumentando seu conhecimento e o potencial produtivo do solo, obtendo assim ganhos sucessivos. Ele conta também que as áreas de alta produtividade têm em comum um manejo que prioriza a matéria orgânica do solo. Então, é importante que o produtor trabalhe com sistemas como o plantio direto e integração lavoura pecuária, aumentando o teor de matéria orgânica e a qualidade do solo.
— O produtor deve ainda gerenciar sua lavoura conduzindo as operações de campo em um tempo oportuno, através de máquinas e equipamentos adequados que existem atualmente no mercado, aumentando a precisão da agricultura e utilizando insumos de alta qualidade de forma racional e balanceada — afirma o pesquisador.
Cruz explica que, com relação à cultura do milho, algumas tecnologias evoluíram rapidamente e que talvez a principal delas seja a semente. De acordo com ele, existem atualmente aproximadamente 500 cultivares diferentes disponíveis no mercado, sendo mais de 170 delas cultivares transgênicas, basicamente com tolerância às lagartas. Esse ano, já estão chegando ao mercado as cultivares transgênicas com resistência ao glifosato aplicado na pós-emergência. Além disso, a qualidade das sementes também melhorou bastante, como conta ele.
— Hoje, associado à melhor qualidade de semente, melhor qualidade de plantio e melhor controle de pragas e doenças, deve estar a utilização adequada de fertilizantes. No caso de altas produtividades, a absorção e exportação de nutrientes aumentam. Além disso, fazendo uma adubação nitrogenada adequada, não se descuidando de aspectos como os micronutrientes e época correta de plantio, o produtor de milho alcança altas produtividades com alta rentabilidade — garante.
Aliando sustentabilidade
Para o pesquisador, é praticamente impossível obter alta produtividade sem ser sustentável. Isso porque, segundo ele, para um produtor obter alta produtividade, ele precisa melhorar a qualidade da produção através do sistema de plantio direto com a quantidade de cobertura do solo adequada. Com isso, trabalha-se a sustentabilidade do meio. Quando o assunto é a utilização de insumos, Cruz afirma que ela deve ser a mais eficiente possível, o que está dentro dos princípios de sustentabilidade para ele.
— Já em relação ao controle de pragas, a utilização de milhos Bt tem ajudado muito em termos de sustentabilidade porque, antes da utilização de cultivares transgênicas, temos referências de regiões onde se aplicavam até 10 vezes inseticidas para controlar lagartas. Hoje, com os principais milhos Bt, não é preciso realizar nenhuma aplicação de inseticida para controle de lagartas, por exemplo. No entanto, é fundamental que se faça o controle de outras pragas — orienta.
O pesquisador fala também sobre o tratamento de sementes, que para ele, também é uma prática sustentável, já que é dividida e localizada. No entanto, Cruz ressalta que os produtores devem tomar cuidado com o controle de doenças, muitas vezes é feito em regiões onde não é necessário.
Kamila Pitombeira – Dia de Campo