A alta das cotações futuras do açúcar no mercado internacional deve ser limitada na safra 2018/19, em virtude da perspectiva de ampla oferta global do produto. A informação é do analista de Inteligência de Mercado da INTL FCStone, João Paulo Botelho.
“Para a safra 2018/19, há uma perspectiva de superávit global de 4.4 milhões de toneladas de açúcar, depois de um excedente de dez milhões de toneladas ao fim de 2017/18. O mercado está sobreofertado no mundo”, disse Botelho durante um evento da consultoria realizado em São Paulo.
Um dos países que deve ampliar a produção nesta temporada será a Índia, de acordo com o analista. Há expectativa de que a área plantada com cana-de-açúcar no país asiático seja 8% maior do que na safra passada e que a produtividade também cresça.
Dentre os fatores de estímulo estão dois novos subsídios anunciados pelo governo indiano para o setor – um para o transporte de açúcar para exportação e outro para a compra de cana por usinas. Juntos, estes subsídios devem representar US$ 153,00 por tonelada de açúcar para até cinco milhões de toneladas do adoçante.
“Com isso, devemos ver de três milhões a seis milhões de toneladas, provavelmente uns cinco milhões de toneladas de açúcar indiano ofertados no mercado internacional”, afirmou Botelho.
A Tailândia também vem oferecendo subsídios à cadeia de produção do açúcar, o que deve levar a um aumento das exportações na temporada 2018/19 para cerca de 11 milhões de toneladas, contra dez milhões de toneladas em 2017/18.
Estoque de etanol do Brasil em outubro é 29% maior do que o de outubro de 2017
O analista da INTL FCStone disse ainda que os estoques atuais de etanol no Brasil superam em 29% os do ano passado. Estão em cerca de 11 milhões de litros, com o consumo lento e forte produção.
“Mas devem ser consumidos durante a entressafra, com retorno da demanda, e porque vamos deixar de produzir etanol mais cedo”, observou Botelho. Para o fim da entressafra, em 31 de março, ele espera “estoques acima da média”, porém, “sem excesso de oferta”.
A antecipação do fim da produção, disse o analista, se dará em virtude do clima muito seco no centro-sul do Brasil, de fevereiro a julho.
A falta de umidade comprometeu a saúde das lavouras e deve adiantar o início da entressafra em 15 a 30 dias em relação ao ano passado, levando a uma queda, principalmente, da produção de açúcar. No Nordeste, onde a safra está começando, o clima seco também deve prejudicar as plantações, segundo o analista da INTL FCStone.
Ele afirmou que, com a perspectiva de ampla oferta de açúcar e cotações pressionadas, as usinas brasileiras continuarão focadas na produção de etanol.
De acordo com Botelho, a paridade de preços entre o etanol e a gasolina está no menor nível desde 2010. Os preços do biocombustível subiram em comparação aos do ano passado. Em outubro, estão 10% acima de igual mês de 2017, mas os a gasolina aumentaram mais 21%, em média, no País.
Fonte: Broadcast Agro