Em um cenário de preços internacionais mais baixos somados a um forte impacto do dólar sobre os custos de produção, o cotonicultor deve substituir o plantio de algodão por outra cultura mais rentável, como a soja, nesta safra. O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), João Carlos Jacobsen, estima que a redução na área de plantio gire em torno de 15%.
Pelo menos 60% dos nossos custos estão diretamente ligados ao dólar, mas não é só isso. Aumentaram os preços das sementes e os insumos em geral. Certamente isso nos levará a uma redução significativa , afirma. O presidente, que também cultiva algodão na Bahia, diz que o desembolso para plantio da temporada 2015/ 2016 vai de R$ 6.500,00 a R$ 7.000,00 por hectare.
COLHEITA
No campo, os produtores encontram-se na fase da colheita do ciclo 2014/2015. Dados do último levantamento de safra da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam que a produção nacional da pluma deve fechar a 1.5 milhão de toneladas.
Em alguns estados produtores, principalmente na Bahia, tivemos atraso na colheita e ainda não atingimos um volume significativo do produto de boa qualidade , explica o analista da consultoria Safras & Mercados, Cesar Marques.
Na mesma linha, especialistas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) comentam que grande parte dos lotes de boa qualidade tem sido direcionada ao cumprimento de contratos. Em um ano que chove muito, a qualidade tende a ser abaixo do normal , acrescenta o presidente da Abrapa.
MERCADO
Apesar da grande diversidade dos tipos de algodão presentes no mercado spot, tanto da safra 2014/ 2015 quanto da anterior – o que chegou a pressionar os valores em alguns momentos -, agora, com mais urgência, indústrias aumentam o preço pago pela pluma , dizem os analistas do CEPEA, por meio de nota.
Indicadores do instituto mostram que na média de julho (até dia 27), os preços da pluma estão em R$ 2,1131 por libra-peso, 1,15% maior que o mês anterior e 8,62% superior na variação anual.
Entretanto, a situação econômica do País tem impactado diretamente a indústria têxtil e reduzido a demanda pelo produto. Com um PIB [Produto Interno Bruto] menor, temos um consumo inferior entre os brasileiros. Estimamos que a produção industrial recuo cerca de 5% neste ano, além dos episódios de férias coletivas que vemos , lembra o analistas do Safras & Mercados.
No mercado externo, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até o dia 24 de julho, a média diária dos embarques esteve em 700 toneladas, 14% inferior à de junho. Em faturamento, o nível diário está em US$ 1.1 milhão, 14% menor que US$ 1.2 milhão do mês anterior.
O preço médio em dólar permanece praticamente estável frente a junho, a US$ 1.400,00 por tonelada; em reais, está em R$ 4.626,23 por tonelada, alta de 2,68% se comparado ao preço médio de junho.
Fonte: Diário do Comércio & Indústria (DCI)