Uma “supersafra” de soja está descartada na temporada 2020/21 em Mato Grosso, devido à irregularidade climática em regiões como o Parecis, que tradicionalmente costuma receber volumes de chuvas adequados, informou nesta sexta-feira o consultor Fernando Muraro, da AgRural.
A região, no sudoeste do maior produtor brasileiro de soja, tem sofrido com a irregularidade climática, e ressemeaduras já estão ocorrendo na área onde estão cidades como Campo Novo do Parecis e Diamantino.
Nos tradicionais municípios produtores do eixo da BR-163, no Médio-Norte, a situação climática está um “pouco melhor”, após chover na última noite, disse Muraro.
“É um ano completamente atípico. Está faltando chuva em Mato Grosso. Isso é histórico”, afirmou o consultor, lembrando que o estado, que deve responder por quase 30% da safra do Brasil, segundo órgãos oficiais, em geral recebe chuvas regulares.
Nesta semana, o Mato Grosso teve sua safra estimada em 36.8 milhões de toneladas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), enquanto o Brasil deverá colher um recorde de 134.9 milhões de toneladas, conforme estimativa da estatal.
“Supersafra a gente já descartou”, disse Muraro, sem comentar sobre suas próprias estimativas. Ele explicou que o atraso pode impactar a área da segunda safra no estado, uma vez que o eventual plantio de milho em março, decorrente do atraso da colheita de soja após as ressemeaduras, ficaria mais arriscado.
Condições adversas
O clima irregular levou a Terra Santa Agro, importante grupo produtor que atua em Mato Grosso, a reduzir sua expectativa de plantio de grãos e oleaginosas na safra 2020/21 para 130.200 hectares, contra 149.500 hectares, no que foi considerado o maior remanejamento já realizado pela companhia, afirmou o presidente executivo da empresa, José Humberto Prata Teodoro Júnior.
Já o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) estimou o plantio de soja em Mato Grosso até esta sexta-feira em 94,06% da área projetada, com avanço de 10,82% em relação a semana passada, após um atraso inicial.
Além do Mato Grosso, outras áreas do País estão sofrendo com o clima irregular este ano, que está sob a influência de uma La Niña. O Paraná, segundo produtor brasileiro, com safra projetada em cerca de 20 milhões de toneladas pela Conab, também enfrentou atrasos no plantio.
“O norte do Paraná está muito atrasado, (assim como) a região da Coamo (cooperativa) e Maringá”, disse Muraro, da AgRural, que revelou ter percorrido lavouras do oeste do estado esta semana. “Ainda não dá pra dizer se vai ter perda. Está no limite, mas tem que chover.”
“A região norte do Paraná é a que plantou mais cedo e também está com problemas e replantio”, acrescentou o consultor. “O Rio Grande do Sul, terceiro produtor brasileiro, também sofre, mas no caso da soja, a janela de plantio é mais ampla”.
Já os gaúchos estão com problemas para o desenvolvimento do milho.
Fonte: Reuters
Equipe SNA