Uma coalizão formada por 230 representantes do agronegócio, de entidades não-governamentais (ONGs) e de outros setores apresentou nesta terça-feira ao presidente Jair Bolsonaro e demais autoridades federais um pacote de seis ações a serem adotadas para buscar a redução rápida e permanente do desmatamento no Brasil, especialmente na área da Amazônia Legal.
O documento encaminhado a Bolsonaro, obtido pela Reuters, sugere que a redução do desmatamento no curto prazo, “em alguns meses”, é de fundamental importância para o País. “Não somente pelo avanço das perdas socioambientais envolvidas, mas também pela ameaça que a destruição florestal na região impõe às questões econômicas nacionais. Há uma clara e crescente preocupação de diversos setores da sociedade nacional e internacional com o avanço do desmatamento”, indicou o grupo.
Diante da “gravidade da situação atual”, foi formada a Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura, que congrega, por exemplo, a Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), dois dos maiores frigoríficos de carne bovina do país, a JBS e Marfrig, a WWF Brasil e o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
Dentre as seis ações contra o desmatamento, foram sugeridas: a) a retomada e a intensificação da fiscalização, com rápida e exemplar responsabilização pelos ilícitos ambientais identificados; b) a suspensão do Cadastro Ambiental Rural (CAR) que incide sobre florestas públicas e responsabilização por eventuais desmatamentos ilegais; c) a destinação de 10 milhões de hectares à proteção e uso sustentável; d) a concessão de financiamentos sob critérios socioambientais; e) a total transparência e eficiência às autorizações de supressão da vegetação; e f) a suspensão de todos os processos de regularização de imóveis com desmatamento após julho de 2008.
No documento, o grupo ainda destacou mobilizações inéditas de investidores e empresários anunciadas nas últimas semanas. O vice-presidente Hamilton Mourão e dirigentes do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal também foram incitados a agir para acabar com o desmatamento da Amazônia. Procurada, a Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom) não respondeu de imediato a pedido do comentário da Reuters sobre o documento.
Esta é mais uma etapa no esforço que tanto o agronegócio quanto ONGs têm feito para conter o avanço do desmatamento no País, em especial na Amazônia, que tem prejudicado a imagem brasileira e também negócios e investimentos.
O desmatamento na floresta tropical amazônica do Brasil diminuiu em agosto na comparação com o mesmo mês do ano passado, mostraram os dados preliminares do governo na última sexta-feira, apesar de os incêndios terem piorado na região.
Fonte: Reuters