O governo federal deve lançar, no próximo dia 13 de dezembro, o programa Renova Bio – Biocombustíveis 2030, um plano nacional de desenvolvimento do setor de biocombustíveis, que será realizado em parceria com o setor sucroenergético nacional. O objetivo é dobrar a produção brasileira de etanol, aumentando 20 bilhões de litros por safra, até 2030. Atualmente, o Brasil produz, em média, cerca de 30 bilhões de litros de etanol por safra.
O anúncio foi feito pelo ministro de Minas e Energia, Fernando Bezerra Coelho Filho, na segunda-feira, dia 28 de novembro, durante o Unica Fórum, promovido pela União da Indústria de Cana-de-Açúcar, em São Paulo, capital. O evento reuniu representantes e lideranças para discutir o futuro do setor sucroenergético brasileiro.
“Essa discussão é muito importante para pensar o posicionamento estratégico do setor frente a várias mudanças que estão ocorrendo este ano”, destacou a presidente-executiva da Unica, Elizabeth Farina, que também é membro da Academia Nacional da Agricultura, da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA).
“Trata-se de um plano nacional, formulador de política, que dará tranquilidade e previsibilidade para que os investidores possam ter segurança para tomar decisão sobre os investimentos”, ressaltou Coelho Filho. “Além de ajudar a alavancar a produção de etanol e de biodiesel, o Renova Bio ajudará a cumprir as metas assumidas no Acordo de Paris”, acrescentou.
Segundo o ministro, o programa será lançado em Brasília, durante a realização de um grande fórum do Ministério de Minas e Energia, que tem o propósito de ouvir as demandas do setor de combustíveis renováveis. “Esta é a primeira vez que o governo tem a iniciativa de trazer um plano de ação, de orientação para o setor. O que a gente vê, aqui, é uma grande mudança de procedimento, de qualidade”, comemorou a presidente-executiva da Unica.
DIFICULDADES DO SETOR
“As dificuldades enfrentadas atualmente pelo setor sucroalcooleiro estão relacionadas às questões internas do próprio segmento, e não ao país”, disse o presidente da Petrobras, Pedro Parente, que vislumbra uma perspectiva favorável para o etanol como substituto renovável.
Parente também citou os compromissos assumidos pelo Brasil no Acordo do Clima: “A maior participação de fontes renováveis na matriz energética brasileira exigirá o dobro da oferta de etanol até 2030 e maior presença desse combustível no mercado”.
Conforme o presidente da Petrobras, a companhia prevê, para 2030, uma demanda de 31,3 milhões de metros cúbicos de gasolina. A participação do etanol anidro está prevista em 8,1 milhões de metros cúbicos e a do biocombustível hidratado, em 17,2 milhões de metros cúbicos. “Há várias questões de políticas públicas que precisam ser endereçadas ao setor. Uma coisa nós resolvemos, que é a política de preço”, comentou.
ESCASSEZ GLOBAL DE AÇÚCAR
Pelo segundo ano, o mundo está enfrentando a escassez global de açúcar, mas a Organização Internacional de Açúcar (ISO, em inglês) informou, na semana passada, que esse cenário poderia estar perto do fim, pois outros países estão aumentando sua produção, atraídos pelos preços mais altos do produto.
Líderes do setor afirmam que o Brasil, maior exportador mundial de açúcar, não deverá contribuir para reduzir o déficit global do produto, no próximo ano, pois a produção brasileira de cana-de-açúcar deve manter-se no mesmo patamar deste ciclo.
Segundo analistas, a safra de cana do Brasil 2017/2018 poderá ser ligeiramente menor, em comparação com cerca de 600 milhões de toneladas produzidas pela região centro-sul no ciclo atual. “A tendência é de zero crescimento na produção de cana do Brasil”, disse o presidente do conselho da Copersucar, Luis Roberto Pogetti, durante o Unica Fórum.
Para Pogetti, a falta de investimento pelas usinas endividadas é um dos fatores que tem limitado a safra de cana do Brasil. O replantio anual de 15% a 20% da safra de cana que está envelhecendo representa um grande investimento das usinas para manter a produtividade. Segundo ele, a falta de investimento na renovação do canavial e o clima seco durante este ano devem reduzir a produtividade de cana por hectare na próxima safra.
“O mercado mundial de açúcar deve continuar com um déficit de oferta no curto prazo”, previu o presidente da Raízen, Luis Henrique Guimarães. “Saímos de um grande superávit para um déficit; como o mundo cresce de 2 milhões e 2,5 milhões de toneladas todo ano, alguém vai ter que atender esta demanda”, disse. Na opinião de Guimarães, o Brasil precisa definir uma política para o etanol.
LINHAS DE CRÉDITO
Os setores de açúcar e etanol têm buscado recursos no Programa de Apoio à Renovação e Implantação de Novos Canaviais (Prorenova), segundo Carlos Eduardo Cavalcanti, chefe do departamento de biocombustíveis do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). De acordo com Cavalcanti, investimentos na renovação de canaviais, por exemplo, têm sido um caso à parte no setor, uma vez que as empresas têm se concentrado na redução do nível de endividamento.
O BNDES reservou para este ano R$ 1,5 bilhão para o Prorenova. Para terem acesso a esses recursos, as empresas têm até o próximo dia 31 de dezembro para apresentar seus projetos à instituição. Apesar de os recursos estarem disponíveis ao longo do ano, as empresas fecham a maioria das negociações entre novembro e dezembro, o que aumenta a quantidade de projetos nessa época, informa Cavalcanti.
Fonte: Agrolink