Os sistemas agroflorestais, ao promoverem a combinação de espécies arbóreas (frutíferas e madeireiras) com cultivos agrícolas e criação de animais, promovem benefícios econômicos e ecológicos, que atendem aos princípios da agricultura sustentável.
Nesse sentido, o diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Marcos Fava Neves, defende uma mobilização maior por parte dos agricultores na busca por empresas especializadas no desenvolvimento de projetos no setor, para que possam aproveitar as oportunidades que esse mercado oferece.
“Os agricultores precisam estar ligados a essas organizações para que consigam certificados e demais elementos necessários que permitam sua habilitação para captar recursos”.
Segundo o diretor da SNA, a agrofloresta para produtores de pequeno a grande porte “é uma atividade contemporânea e importante, que deve ser planejada” e que envolve, entre outros aspectos, a extração de madeira e essências de forma sustentável, garantindo fonte de renda e pagamento por serviços ambientais.
Amazônia e agricultura familiar
Por sua diversidade de produtos na mesma unidade de área e manejo, os sistemas agroflorestais são bastante indicados para agricultores familiares. A atividade também mostra grande potencial no desenvolvimento sustentável da Amazônia, garantindo ar, água e solo para o futuro do bioma.
As famílias, que nesse caso não dependem de um só produto, têm colheita diversa ao longo de todo o ano, além de tirar da produção os alimentos para seu próprio consumo.
Graças à alta diversidade proporcionada pelo sistema, árvores frutíferas, madeireiras, plantas graníferas (produção de grãos), forrageiras e até medicinais e ornamentais convivem numa mesma área.
Cada cultura é implantada no espaçamento adequado ao seu desenvolvimento e às suas necessidades de luz, fertilidade, arquitetura e porte, que são cuidadosamente combinadas por métodos específicos.
Rendimentos
Segundo os engenheiros florestais Paula Costa e Valter Ziantoni, o sistema é planejado para permitir colheitas desde o primeiro ano de implantação. “A ideia é que o agricultor tenha rendimentos oriundos de culturas anuais, como hortaliças e frutas de ciclo curto, enquanto aguarda a maturação das espécies florestais e das frutíferas de ciclo mais longo”, salienta Paula.
“Isso garante produtos disponíveis para a comercialização em diferentes épocas do ano e ao longo do tempo, incrementa a renda e aproveita melhor a mão de obra familiar”.
Comercialização
Os engenheiros lembram que a comercialização é um ponto-chave para o sucesso da produção agroflorestal. Segundo eles, há diversas oportunidades para comercialização, dependendo da diversidade de produtos, grau de beneficiamento e valor agregado, proximidade com o mercado consumidor e organização da comunidade onde o agricultor está inserido.
Diante disso, Ziantoni explica que, além do design agroflorestal, “é de suma importância que seja feita uma minuciosa modelagem financeira, incluindo todos os custos de formação do sistema com detalhes sobre o tempo de retorno do investimento, TIR (Taxa Interna de Retorno) e VPL (Valor Presente Líquido)”.
Vantagens ambientais
O engenheiro acrescenta que, além do benefício econômico, há inúmeras vantagens ambientais, como a recuperação da fertilidade dos solos, com redução de erosão, aumento da infiltração de água, e consequentemente, a conservação de rios e nascentes.
“Podemos destacar ainda o aumento da diversidade de espécies, o que privilegia o controle natural de pragas e doenças, não apenas na propriedade, mas em relação à paisagem como um todo”, afirma Ziantoni.
“Dessa forma, a diversificação de produtos, a maior segurança alimentar, a sustentabilidade ambiental, o incremento na fertilidade do solo e a redução gradativa nos custos de produção fazem da agrofloresta uma excelente opção para a agricultura familiar no Brasil”, reforça Paula que, junto à Ziantoni, são fundadores da Pretaterra, uma consultoria dedicada à disseminação de sistemas agroflorestais regenerativos pelo mundo.
Fonte: Pretaterra
Equipe SNA