Agroconsult estima queda na produção de soja e milho e alta na de algodão

A safra de soja brasileira deverá cair 4,70% na temporada 2023/24 e totalizar 152.2 milhões de toneladas – Imagem de Oleksandr Ryzhkov no Freepik

Marcada pela irregularidade do clima e pelos efeitos do El Niño nas lavouras de Mato Grosso, a safra de soja brasileira deverá cair 4,70% na temporada 2023/24 e totalizar 152.2 milhões de toneladas segundo as estimativas da Agroconsult, divulgadas nesta quarta-feira (13/3) em evento realizado em Brasília (DF) pela Associação Nacional de Exportadores de Grãos (ANEC) e Associação Nacional de Exportadores de Algodão (ANEA).

André Pessoa, Presidente da Consultoria, disse que essa foi uma das safras mais complicadas da história. No entanto, as estimativas dele para a produção de soja têm viés de alta neste momento, ao contrário de dados com cortes nas estimativas da colheita da soja divulgadas pela Conab e outras empresas privadas.

Pessoa ressaltou que os números ainda serão alterados com base em análise de dados coletados a campo recentemente. Ele destacou que a estimativa de área plantada da soja, atualmente em 45.6 milhões de hectares, aumento de 2,73% em relação a da safra 2022/23, ainda deve crescer. A avaliação atual é que as lavouras já ultrapassaram os 46 milhões de hectares nesta temporada.

Impactada pelo clima, a produtividade das lavouras de soja deve cair 7,45% nesta temporada, para 55,5 sacas por hectare na média geral.

Pessoa mostrou que 2.9 milhões de hectares de soja foram replantados no País em função do clima, mais de 1 milhão de hectares apenas em Mato Grosso. Essa área corresponde a 6,40% das lavouras da oleaginosa em todo o Brasil.

A estimativa da Agroconsult é que as exportações de soja totalizem 93.5 milhões de toneladas em 2024, uma queda de 7,40% em relação ao ano passado. Puxado pelo aumento da mistura do biodiesel ao diesel fóssil para 14%, o esmagamento da oleaginosa deve aumentar 1,10%, para 54.6 milhões de toneladas.

A produção total de milho no Brasil na safra 2023/24, considerando a primeira e a segunda safra, deve totalizar 123.4 milhões de toneladas, uma queda de 11,90% em comparação com o resultado da temporada passada, segundo dados da Agroconsult.

A queda mais significativa será na segunda safra. A colheita deve recuar 12,80% para 95.9 milhões de toneladas, contra as 108.1 milhões de toneladas produzidas no ciclo anterior.

A área total plantada de milho no País deve diminuir 5,90% para 21 milhões de hectares na safra 2023/24. Na segunda safra, a área cai 4,50% para 16.2 milhões de hectares.

O plantio da segunda safra está adiantado atingindo 86%, disse André Pessoa, favorecido pela colheita mais cedo da soja, que teve resultados abaixo do estimado nesta safra. A colheita da primeira safra já atingiu 46%, segundo a Agroconsult.

Diante de uma produção menor, as exportações do milho devem cair 24,20% em 2024, para 41.2 milhões de toneladas.

A estimativa da Agroconsult é que o Brasil colha 3.4 milhões de toneladas de pluma de algodão na safra 2023/24, um aumento de 5,90% em relação à safra anterior.

A área plantada de algodão deve aumentar 12,50%, para 1.89 milhão de hectares, beneficiada pela colheita de áreas precoces da soja em Mato Grosso, cujo ciclo foi reduzido pelos efeitos do clima.

A área plantada tem aumentado desde a safra 2020/21, quando foi de 1.37 milhão de hectares. Na safra 2022/23 foram 1.68 milhão de hectares. Em Mato Grosso, são 152.000 hectares a mais nesta safra, indicou a Agroconsult.

“Fechou o plantio na melhor janela e as lavouras vêm se desenvolvendo bem até o momento”, disse André Pessoa.

A estimativa é que as exportações totalizem 2.5 milhões de toneladas nesta temporada, superando o recorde registrado em 2021, quando os embarques totalizaram 2.4 milhões de toneladas. Cerca de 1.6 milhão de toneladas já foram exportadas até fevereiro, boa parte para a China, que está com apetite renovado neste ano.

A produtividade estimada está próxima das 298 arrobas de caroço e 121 arrobas de pluma de algodão por hectare.

André Pessoa, disse que o ano é de equilíbrio na oferta e demanda do algodão no mundo, próximas de 25 milhões de toneladas de pluma. O preço está em cerca de 95 cents por libra preço. “É um bom preço se considerar a significativa redução de custo de produção”, disse.

A redução de área e produção de algodão nos Estados Unidos, que tiveram abandono de 31% das lavouras cultivadas nesta safra por conta de falta de água para irrigação, favorece o Brasil no atendimento ao mercado internacional, disse Pessoa.

Fonte: Agroconsult
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