Agro eleva participação e alcança 25% das exportações de janeiro a abril

A agropecuária foi responsável por, praticamente, um quarto das exportações totais de janeiro a abril deste ano, fatia recorde para o período. Os embarques da safra de soja, sazonalmente, se intensificam a partir de março e abril e podem perdurar até o início do 2º semestre. Especialistas indicam que os embarques do grão limitaram a queda no valor exportado em abril e deve ajudar a sustentar as quantidades embarcadas nos próximos meses, num cenário em que os preços das commodities, em geral, não devem ser tão favoráveis quanto foram em 2022.

Dados de Balança Comercial divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) mostram que os embarques da atividade agropecuária representaram 24,90% do valor total exportado pelo Brasil nos quatro primeiros meses de 2023 contra 24,20% no mesmo período do ano passado. Desde 2020, o setor vem mantendo participação superior a 20% no valor dos embarques nesse mesmo período. Em 2013, essa fatia foi de 16,50%.

A indústria de transformação detém mais da metade do valor exportado com fatia de 52,60% no 1º quadrimestre de 2023. A indústria extrativa ficou com 21,80%.

Superávit

Segundo o MDIC, de janeiro a abril, a Balança Comercial registrou um superávit de US$ 24.1 bilhões, aumento de 17,90% em relação a 2022, o maior da série histórica iniciada em 1989. As exportações no acumulado do ano também são as maiores em quatro meses na história, destacou o Diretor de Planejamento e Inteligência Comercial de Comércio Exterior do MDIC, Herlon Brandão. As exportações no 1º quadrimestre totalizaram US$ 103.5 bilhões, com aumento de 1,80% em valor em relação ao mesmo período do ano passado, na média por dia útil. As importações totalizaram US$ 79.5 bilhões no mesmo período e caíram 2,20% em relação ao mesmo período do ano passado.

Por setores de atividade, a agropecuária puxou as exportações de janeiro a abril, com crescimento de 4,90%, percentual que superou o aumento médio do embarque total em 3,10%. O setor também teve melhor desempenho que a média em volume e preços. Enquanto o volume embarcado do setor agropecuário aumentou 5,40%, o do total subiu 4,80%. Os preços de embarque dos produtos do campo também ajudaram com alta de 3,90%, enquanto na média do total embarcado os preços caíram 2,80%. Sempre nos quatro primeiros meses do ano em comparação com o mesmo período de 2022.

Embarque recorde de soja

A soja, principal grão exportado pelo Brasil, disse José Augusto de Castro, Presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), deve ajudar a sustentar o volume exportado no 1º semestre. Ele lembra que é esperado embarque recorde de volume de soja este ano. “A quantidade vai ajudar as exportações, embora os preços possam ter recuo”.

Dados do MDIC mostram que o valor exportado de soja aumentou 21% em abril contra o mesmo mês do ano passado, com alta de 31,90% na quantidade. Os preços caíram 8,30%. De janeiro a abril as exportações de soja totalizaram US$ 18.4 bilhões, com aumento de 4,60% em relação ao mesmo período de 2022. O preço médio de exportação no período aumentou 1,20%, e o volume 3,40%. Embora em menor valor, o milho também se destaca entre produtos agrícolas, com embarques que totalizaram US$ 3 bilhões no 1º quadrimestre, quase triplicando o valor exportado no mesmo período do ano passado.

Queda de preços

Em abril, ressalta Castro, a queda de preços incluiu outras commodities importantes para as exportações brasileiras. O minério de ferro, lembra ele, chegou a ter alta de preços em março, mas caiu em abril. A redução de preços, disse, ficou mais clara em abril tanto nos embarques quanto nos desembarques. Segundo dados do MDIC, os preços de exportação caíram 9,80% no mês na comparação com o mesmo período de 2022. Nas importações o recuo de preços foi de 9,10%.

Gabriela Faria, economista da Tendências, destaca que os embarques em abril foram afetados, negativamente, pela queda de receitas com vendas externas em petróleo e minério de ferro, mas a soja e a carne de aves limitaram maiores quedas. Ela ressalta que a carne bovina fresca, refrigerada ou congelada fechou abril com queda de 42,90% em relação ao mesmo mês de 2022. O item, explica, teve desempenho relacionado com as importações chinesas. “Apesar do fim do embargo no final de março, a China só liberou as exportações dos estoques de carne bovina produzidos antes de 21 de fevereiro no final da última semana de abril”.

Na perspectiva do volume de exportação, estima Gabriela, além da finalização da colheita de soja, a desaceleração da economia mundial, afetada negativamente pelo aperto das condições financeiras, deve limitar os volumes ao longo do ano. “De todo modo, vale ressaltar que a retomada da economia chinesa e os cortes de produção de petróleo dos integrantes da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) devem oferecer suporte ao montante exportado em 2023”. A estimativa de superávit comercial da Tendências para 2023 é de US$ 61 bilhões com viés de alta, reflexo dos últimos dados acima do esperado nas exportações. A AEB estima um superávit comercial de US$ 74 bilhões, como resultado de queda maior das importações do que das exportações.

 

Fonte: Valor

 

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