Pela primeira vez, a Organização Internacional do Açúcar (OIA), que tem sede em Londres, apresentou as suas estimativas preliminares em relação ao mercado para a safra de 2019/2020. Após duas safras seguidas de superávit da commodity, a instituição estima que o consumo será dois milhões de toneladas maior do que a produção.
“Juntando possíveis mudanças na produção e no crescimento do consumo projetado, um modesto déficit de cerca de dois milhões de toneladas se aproxima, anunciando o fim da fase de superávit no ciclo mundial do açúcar”, indicou a OIA em relatório trimestral.
A segunda revisão da organização para a safra 2018/19 também reduziu consideravelmente as estimativas para os estoques finais da commodity. Segundo o relatório trimestral da entidade, o volume no fim do ciclo deve ser de 93.363 milhões de toneladas, uma queda de 5.035 milhões de toneladas em relação à estimativa de 98.398 milhões de toneladas feita em agosto.
Como resultado, a relação entre estoque e consumo final deverá diminuir marginalmente de 52,58% para 52,36%. “Do ponto de vista dos fundamentos, o quadro de 2018/19 perdeu um dos três principais elementos de um superávit de mercado (aumento do índice estoque/consumo), enquanto os superávits estatísticos e comerciais foram consideravelmente reduzidos”, salientou a OIA.
A instituição mudou a tendência da estimativa da produção da commodity na safra 2018/2019 e agora projeta uma contração da oferta em relação ao ciclo anterior. De acordo com o relatório trimestral da OIA, a produção do ciclo atual será de 180.488 milhões de toneladas, uma redução de 1,21% ou 2.215 milhões de toneladas em relação à temporada passada, que registrou oferta de 182.703 milhões de toneladas.
O novo número para o total mundial reflete, segundo a OIA, as revisões para baixo feitas para o Brasil (2.2 milhões de toneladas), Índia (2 milhões de toneladas), União Europeia (750.000 toneladas) e Paquistão (400.000 toneladas).
“Tais ajustes de baixa em larga escala não podem ser compensados por aumentos menores em outros produtores”, enfatizou a entidade, salientando que, como de costume, as projeções baseiam-se em uma suposição climática neutra.
“Obviamente, o clima continua a ser o principal impulsionador de curto prazo da produção e calamidades climáticas significativas e imprevisíveis podem afetar as safras de açúcar nos próximos dez meses”, considerou o relatório da OIA.
Ainda de acordo com a organização, o consumo mundial deverá aumentar 2.893 milhões de toneladas ou 1,65% em relação a 2017/18. Na safra passada, a taxa de crescimento foi de 1,73%. “A taxa de crescimento esperada está em linha com a média de dez anos, de 1,67%”, comparou a entidade.
Apesar de um declínio projetado na produção dos exportadores, a OIA ainda espera que a disponibilidade mundial de exportação apresente um modesto aumento de 724.000 toneladas ou 1,21%, para 60.410 milhões de toneladas. “O crescimento pode ser atribuído a uma mudança significativa na dinâmica das ações dos exportadores”, justificou.
Enquanto quase 7.5 milhões de toneladas foram adicionadas em 2017/18, um aumento nos estoques de não mais que 1.25 milhão de toneladas é estimado para 2018/19. Além disso, um aumento relativamente modesto de 1,13% na demanda de importação também é esperado.
“Nossa avaliação atual do balanço mundial do açúcar mostra uma demanda global de importação de 59.356 milhões de toneladas contra 59.686 milhões de toneladas na temporada anterior”, informou a OIA. O novo saldo ainda é caracterizado por um superávit comercial, mas que também foi reduzido pela metade, para 1.054 milhão de toneladas.
A maior parte do excedente, conforme projetado, está concentrada no açúcar refinado e seus segmentos. “Deve ser enfatizado que a maior parte permanece na Índia. Se a indústria e o governo são incapazes ou não querem vender todo o excedente exportável, esse excedente comercial de açúcar branco pode desaparecer”, indicou a organização.
Como antecipou há dez dias, a OIA revisou para baixo sua estimativa para o superávit de oferta da commodity na safra 2018/2019. Segundo projeções apresentadas ontem pela instituição, quando os mercados brasileiros estavam fechados, o balanço deve ser positivo em 2.172 milhões de toneladas, um volume bem menor dos que o superávit de 6.747 milhões de toneladas apresentados em agosto.
“O ciclo de outubro/setembro começou há menos de dois meses, mas a atualização de novembro traz uma grande alteração em nossa visão sobre o caráter estatístico do ciclo”, enfatizou a instituição por meio de seu relatório trimestral.
“A previsão atual do balanço mundial de açúcar para o período de outubro de 2018 a setembro de 2019 mostra que a produção mundial não será superior a 2.200 milhões de toneladas acima do consumo mundial”.
Além disso, o excedente previsto pela OIA para 2017/18 também foi reduzido em 1.317 milhão de toneladas, para 7.280 milhões de toneladas. “Resumindo, o superávit estatístico global acumulado de duas temporadas foi diminuído em impressionantes 5.892 milhões de toneladas”, calculou a entidade.
Fonte: Broadcast Agro