Com demanda interna e externa aquecida, a expectativa dos produtores de milho é de que as lavouras mantenham em 2014 o bom desempenho obtido no ano passado. A produção nacional do grão deverá encerrar 2013 com um total de 82 milhões de toneladas – um recorde para o país que, em 2012, havia colhido 79 milhões de toneladas. A projeção de uma colheita farta, porém, alerta os agricultores para os desafios de armazenagem e transporte do produto.
O presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho) e ex-ministro da Agricultura, Alysson Paolinelli, acredita que o milho poderá, no mínimo, repetir em 2014 os bons resultados verificados no ano passado. “Estou animado. O mercado mundial continua a demandar mais. Os Estados Unidos se recuperaram, mas não terão o suficiente para o estoque no mundo todo”, afirma, fazendo uma referência à seca enfrentada pelo país norte-americano – maior produtor mundial de milho – em 2012. Na ocasião, a cultura do grão foi a mais afetada.
A expectativa de bater novos recordes faz o produtor brasileiro lembrar uma imagem comum em 2013: a estocagem de milho a céu aberto, devido à falta de silos para armazenar a produção. Para o presidente da Abramilho, o governo federal agiu certo ao anunciar, recentemente, investimentos para qualificar a armazenagem. Mas ele teme que a burocracia impeça que os novos silos sejam construídos a tempo. “O governo está estimulando, mas não do jeito como gostaríamos. O dinheiro não está chegando até o produtor”, acredita.
Além do armazenamento, outro desafio para o próximo ano, continua Paolinelli, será aumentar a produtividade das lavouras brasileiras. A média, segundo ele, é inferior a 5 mil kg por hectare. Ele acredita que o ideal seria aumentar esse volume para 7 mil kg. “Algumas regiões já estão passando de 10 mil kg”, acrescenta. Para alcançar esse objetivo, ele vê como um aliado o investimento no melhoramento da semente, tanto no Brasil quanto no exterior.
Paolinelli considera que os preços praticados no momento são razoáveis. “Caiu 4 pontos no mercado internacional, mas internamente está praticamente estável”, observa. A saca está cotada a R$ 26. A maior preocupação, hoje, é a incerteza com relação à utilização do milho na produção de etanol nos Estados Unidos em 2014 – o que poderá ter impacto no bolso do produtor brasileiro. Segundo o presidente da Abramilho, o temor é de que, no caso de uma redução no uso do cereal, as indústrias estejam sendo subsidiadas pelo governo americano.
O gerente técnico estadual da Emater do Rio Grande do Sul, Dulphe Pinheiro Neto, acredita que ainda é cedo para projetar se o milho poderá ou não superar a produção de 2013. Mas ressalta que as indicações apontam para um resultado positivo. “A última safra foi muito boa e o agricultor teve condição financeira para investir na lavoura. Se o tempo continuar colaborando, a produção tem potencial para ir bem”, observa. De acordo com ele, o período que vai do final de dezembro até o início de janeiro é considerado decisivo para o futuro da lavoura. Nesta época, o florescimento do grão atinge 70%.
Por Equipe SNA/RJ