A Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) concluiu na sexta-feira a primeira operação de compra e aposentadoria de Créditos de Descarbonização (CBios) na BM&F para neutralizar suas emissões de gases de efeito estufa.
Foram comprados e retirados de circulação 55 CBios (cada um equivalente a uma tonelada de carbono de emissão evitada com a substituição de combustíveis fósseis por renováveis). O preço médio ficou em R$ 22,00.
Com isso, a Abag conclui a compensação de suas emissões, algo inédito para um player que não é obrigado a participar do RenovaBio.
O volume de CBios é pequeno porque está relacionado às atividades dos membros da associação, como viagens. O programa obriga apenas as distribuidoras a comprarem CBios para que atinjam metas de descarbonização.
“O CBio é patrimônio do agronegócio brasileiro. Estamos usando uma ferramenta do agro para fazer a mitigação”, disse Marcello Brito, presidente da Abag. Ele espera que a inciativa incentive outras partes não obrigadas, como suas associadas, a comprar CBios.
A Abag tem como associadas grandes instituições como Itaú e Santander, multinacionais como Cargill e Bayer, a União Nacional da Bioenergia (Udop), a Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav), entre outras.
A operação foi estruturada pela Block C, que opera com mercados de carbono usando blockchain, contando com uma plataforma para empresas que querem compensar emissões. A escrituração da compra foi realizada pela StoneX e a auditoria da neutralização, pela SGS Sustentabilidade.
A BM&F iniciou a plataforma de negociação de CBios no fim de abril, mas os negócios estão lentos. Até sexta-feira, menos de 145.000 CBios haviam sido negociados.
A meta para as distribuidoras deve ser ajustada para próximo de 14 milhões neste ano, segundo proposta do governo. “Após essa definição, acreditamos que o volume cresça significativamente”, disse Fabio Zenaro, diretor de Produtos de Balcão, Commodities e Novos Negócios da BM&F.
O valor médio das vendas de CBio está próximo de R$ 20,00 ou cerca de US$ 4,00 abaixo do que as usinas esperavam, em torno de US$ 10,00.
Para o envolvimento de partes não obrigadas, porém, o valor atual pode ser alto. Na plataforma da ONU, por exemplo, uma tonelada de carbono chega a US$ 2,00 , afirmou Carlos de Mathias, sócio da Block C.
Porém, ele avalia que o mercado de CBios pode ser mais robusto. “Não tem nada mais robusto que a análise de ciclo de vida do biocombustível brasileiro, com a vantagem do desmatamento ser proibido.
Valor Econômico