O diretor da Cargill, Paulo Sousa, disse no Congresso Brasileiro do Agronegócio, promovido pela Associação Brasileira do Agronegócio e pela BM&F, que tanto no Brasil como globalmente o momento é de imprevisibilidade. No Brasil, ele citou principalmente a questão do tabelamento do frete. Em nível global, o executivo ressaltou a guerra comercial entre Estados Unidos e China.
A previsibilidade no País foi prejudicada por uma intromissão de Executivo e Legislativo na livre negociação do serviço de frete entre players do mercado, disse Sousa. O tabelamento do frete não vai dar certo, mas até não dar certo vamos sofrer bastante.
Ele citou ainda como desafio interno a adoção de biotecnologia de acordo com a demanda dos principais importadores. Não pode acontecer de darmos um tiro no pé ao apostar em características genéticas que não estão de acordo com o que compradores querem adquirir. Ele também ressaltou a necessidade de atração de investimento externo para melhoria da infraestrutura do País.
Quanto à guerra comercial, o executivo destacou que a China precisa de mais soja do que o Brasil consegue exportar, mas lembrou que a margem de processamento de soja no Brasil é das melhores dos últimos anos, com quebra de safra na Argentina, principal fornecedor mundial de farelo e óleo. Isso fez com que o país asiático continuasse buscando grande volume do grão no Brasil ao longo dos últimos meses. Ele ponderou que essa demanda chinesa firme pode fazer com que esmagadores paguem mais caro pela oleaginosa remanescente no País, aumentando o custo para o setor de frango e suínos, que são grandes consumidores de farelo. Temos grande vento a favor para soja brasileira, mas vamos criar um problema grave para a indústria de carnes, disse.
Fonte: Estadão