Por Mauro Zafalon*
As receitas de exportações com o chamado complexo soja (grão, farelo e óleo) deverão atingir US$ 53 bilhões neste ano, um volume pouco imaginado há três anos.
Essas receitas deverão representar pelo menos 50% de todas as exportações do agronegócio brasileiro neste ano. Os dados, divulgados nesta quinta-feira, são da Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais).
O volume de dinheiro dentro da porteira também registra patamar recorde. Segundo o Ministério da Agricultura, o Valor Bruto da Produção da soja deverá totalizar R$ 353 bilhões, o que representa 48% das receitas de todas as lavouras neste ano.
O volume de recursos vindos do exterior se deve à aceleração mundial da demanda e à consequente alta de preços. Internamente, as receitas vêm da oferta maior de oleaginosa e do efeito do dólar sobre os preços nacionais.
Nas duas últimas safras, o consumo mundial superou a oferta de produto. Nesta que se inicia, produção e consumo mundiais devem empatar.
O Brasil se aproveitou das intrigas do governo Donald Trump com a China, quando as exportações americanas despencaram. Nesta safra 2020/21, porém, as vendas americanas registraram recorde, derrubando os estoques dos EUA para os menores patamares da história do país.
Bolsa de Chicago
O resultado foi uma alta acelerada na Bolsa de Chicago. Pelos valores de negociação naquela Bolsa, a tonelada de soja estava a US$ 310,00 em abril de 2020, preço que subiu para US$ 537,00 neste ano. Com isso, a saca de soja teve alta de R$ 96,00 para R$ 173,00 em Maringá (PR) no mesmo período, segundo dados da Abiove.
Os preços de Chicago, com auxílio do enfraquecimento do real, pressionaram também o farelo e o óleo, que subiram 38% e 116%, respectivamente, no mercado interno nos últimos 12 meses.
A disparada da soja ocorreu não só pela demanda chinesa e pelos estoques baixos nos EUA, mas também pela atuação dos hedge funds nesse mercado. A elevação dos preços afetou produtores brasileiros de proteínas, o setor de biodiesel e os consumidores.
Produção
Neste ano, a produção de soja deverá ser de 137.5 milhões de toneladas, bem acima das 128 milhões de toneladas de 2020, mas as exportações crescem para 85.6 milhões de toneladas.
Os números da Abiove mostram, ainda, que a produção de farelo cai, e as exportações sobem, em relação a 2020, indicando um cenário não muito confortável para a cadeia de proteína. Já a produção e a exportação de óleo ficam ajustadas.
Fonte: Folha de S. Paulo
Equipe SNA