“Cada ano que passa, o mercado aumenta e novos consumidores buscam uma vida mais saudável”, afirma Ivandro Remus, presidente da Agrofamília (Associação das Agroindústrias Familiares do RS). A cooperativa reúne 27 agroindústrias que têm suas bases fincadas na agricultura familiar.
Ele também é proprietário da marca Velho Alambique, produtora de cachaça orgânica. “Desde a lavoura, passando pela produção, até a comercialização, somos cinco pessoas envolvidas em todo o processo”.
CONVERSÃO ORGÂNICA
A história de Ivandro com os orgânicos começou por acaso. “Tínhamos uma produção convencional de cana-de-açúcar, porém, uma parte dela nós adubávamos com compostagem orgânica. Houve, então, uma seca muito severa, que durou cerca de um ano. Percebemos que a cana que recebia adubo
orgânico teve uma resistência muito maior do que a que recebia adubação química”.
Desde então, Ivandro e sua família decidiram converter toda a produção em orgânica. E o crescimento da empresa é de 20% ao ano, com forte presença no Rio de Janeiro, São Paulo e Brasília. E até mesmo em lojas de aeroportos. “É um ótimo ponto para ganhar visibilidade. O turista já conhece a boa cachaça brasileira.”, brinca Ivandro.
ESPUMANTES E VINHOS
Ainda no ramo das bebidas, outra empresa tem destaque. Sediada em Garibaldi, capital nacional dos espumantes, a Coopeg envolve 42 famílias no cultivo de uvas orgânicas e no envasamento de vinhos e espumantes.
Enquanto serve uma prova do seu espumante brut, que não deve em nada em sabor e leveza aos importados, Ari Baroto explica um pouco do processo de fabricação. “Cada unidade leva dois anos para ficar pronta. A fermentação é feita na própria garrafa, o que garante a qualidade do produto, além, é claro, da qualidade das uvas”. Ele também revela que já foi sondado por estrangeiros para exportar o seu produto.
OPORTUNIDADE DE MERCADO
No município de Picada Café (RS), 35 associados fazem movimentar a Coopernatural, parceira da rede OrganicsNet — projeto da SNA, com apoio do Sebrae. Ivete Karling, uma das responsáveis da cooperativa, revela o segredo do sucesso da empresa que, desde 2001, produz frutas, geleias, sucos, doces e vinhos orgânicos. “Procuramos sempre inovar, lançando novos produtos”. Um dos lançamentos desse ano foi o vinho seco Moscato, meia garrafa. “Nosso objetivo é crescer, conseguir novos associados, mas sem perder a qualidade”.
Se o Rio Grande do Sul é destaque na produção de orgânicos, o mesmo não se pode dizer no consumo. Segundo Ivete, 95% da produção vai para fora do estado, principalmente para o Sudeste. Parece que os gaúchos ainda não descobriram as vantagens de se consumir produtos orgânicos.
Quem também percebe este movimento é Maria Helena Rocha, gerente de produção da Novo Citrus, também parceira da rede OrganicsNet. A maior parte da produção das 30 famílias que trabalham para a empresa vai para fora do Rio Grande do Sul. “Participamos de cinco feiras ecológicas em Porto Alegre, mas nosso maior mercado são as redes de supermercados e lojas especializadas em outras regiões do país”, afirma Maria Helena.
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Fonte: Revista A Lavoura – Edição nº 698/2013