A cultura da soja mostrou um desenvolvimento impressionante nos últimos 50 anos no Brasil

Embrapa Soja

SNA dá continuidade à parceria com a Embrapa Soja e seus pesquisadores na divulgação de  trabalhos em andamento, ou já concluídos, de cunho acadêmico, informações com profundidade técnica  para estudantes, professores e interessados em se aperfeiçoar no agronegócio. Verifique a seguir…..

No Brasil se difundiu a ideia de que a soja é uma cultura de grandes produtores. Um estudo da Embrapa vem mostrar um perfil bastante representativo, de pequenos e médios agricultores que têm na cultura da soja boa parte da sua renda. 

A cultura da soja mostrou um desenvolvimento impressionante nos últimos 50 anos no Brasil, passando de uma produção de cerca de 8 milhões de toneladas em 1974 para aproximadamente 147 milhões de toneladas em 2024. Neste mesmo período a área cultivada passou de pouco mais de 5 milhões de hectares para quase 46 milhões de hectare.

A Região Centro-Oeste, a maior produtora de soja do país, produziu em média, nas últimas 10 safras (2014/15 a 2023/24), 47% do total da soja do país (58,8 milhões de toneladas), dos quais 28% foram produzidos pelo Mato Grosso, 11% por Goiás e 8% pelo Mato Grosso do Sul – a produção do Distrito Federal foi inferior a meio por cento.

A Região Sul é a segunda região do país em termos de produção de soja, tendo produzido em média, no mesmo período, 30% da soja do país (37,2 milhões de toneladas). Desse total, aproximadamente 15% foi produzido pelo Paraná, 13% pelo Rio Grande do Sul e 2% por Santa Catarina.

A produção de soja nessas duas Regiões, como de resto na maior parte das regiões produtoras de soja do país, é altamente tecnificada, sendo o uso das diversas tecnologias um critério de pouca diferenciação entre as propriedades. Há, entretanto, um fator importante que diferencia as propriedades dessas duas grandes regiões produtoras de soja do país: o número e o tamanho das propriedades rurais.

Enquanto na Região Sul, há um grande número de propriedades produtoras de soja, nos estados da Região Centro-Oeste isso não ocorre. Segundo o Censo Agropecuário 2017, existiam no Brasil, aproximadamente 236 mil propriedades produtoras de soja (Figura 1). Desse total, cerca de 196 mil (83%) estavam na Região Sul. Nas Regiões Centro-Oeste e Sudeste estavam 9% e 6% do total respectivamente, e nas Regiões e Norte e Nordeste, ao redor de 1% do total em cada região.


Figura 1. A Região Sul tem o maior número de propriedades produtoras de soja do país.

Além disso, a Região Sul concentrava as propriedades do país com área colhida de soja menor que 50 ha (Figura 2). No Brasil existiam cerca de 172 mil propriedades com área colhida de soja abaixo de 50 ha, e destas, quase 160 mil propriedades (93%) estavam na Região Sul. No Rio Grande do Sul, essas pequenas propriedades representaram cerca de 45% do total do país, no Paraná, 40% e em Santa Catarina, 8%. Nas regiões Centro-Oeste e Sudeste havia aproximadamente 3,5% dessas pequenas propriedades em cada região, com as regiões Norte e Nordeste tendo percentual menor do que 0,2% do total.


Figura 2. A Região Sul concentra as pequenas propriedades produtoras de soja do país.

Analisando essas informações para os Estados da Região Sul, verifica-se que existiam no ano do Censo Agropecuário, pouco mais de 95 mil propriedades produtoras de soja no Rio Grande do Sul, cerca de 85 mil no Paraná e de 17 mil em Santa Catarina. Desse total, pouco mais de 77 mil propriedades (81%) tinham área colhida menor que 50 ha no Rio Grande do Sul, quase 67 mil propriedades (79%) no Paraná e cerca de 15 mil propriedades (87%) em Santa Catarina (Figura 3). Dado esse conjunto de informações, é possível caracterizar a Região Sul como constituída principalmente por pequenas propriedades produtoras de soja.


Figura 3. Rio Grande do Sul e Paraná tem o maior número de pequenas propriedades,
mas em Santa Catarina o percentual das pequenas propriedades é maior.

Embora seja lógico esperar que as quantidades produzidas de soja pelas propriedades com área colhida de soja menor que 50 ha sejam bem menores do que aquelas das propriedades com área colhida com mais de 50 ha, mesmo considerando a grande diferença no número de propriedades entre os dois tipos de estabelecimento, é digno de nota que na Região Sul, essas pequenas propriedades produzem percentuais significativos de soja para seus Estados.

Em Santa Catarina, no ano do Censo Agropecuário, esses pequenos estabelecimentos foram responsáveis por 33% da soja produzida no Estado (623 mil t), no Paraná, por 22% do total (3,4 milhões de t) e no Rio Grande do Sul, por 20% (3,4 milhões de t), um total de quase 7,5 milhões de toneladas de soja! Enquanto nos outros grandes Estados produtores esses percentuais foram notavelmente menores: no Mato Grosso, 0,2% (58 mil t) da produção total foi produzida por propriedades com menos de 50 ha e em Goiás e no Mato Grosso do Sul, 2% da produção total de cada estado (173 mil t em GO e 134 mil t no MS).

No Brasil se difundiu a ideia de que a soja é uma cultura de grandes produtores. Este estudo vem mostrar um perfil bastante representativo, que estava escondido, de pequenos e médios agricultores que têm na cultura da soja boa parte da sua renda.

Consulte o documento Características principais dos estabelecimentos agropecuários produtores de soja no Brasil segundo estratos de área colhida AQUI

Autores: André Steffens Moraes, pesquisador da Embrapa Soja; Maria do Carmo Ramos Fasiaben, pesquisadora da Embrapa Agricultura Digital; Octávio Costa de Oliveira, Coordenador de Estatísticas Agropecuárias do IBGE; Maxwell Merçon Tezolin Barros Almeida, Gerente Técnico do Censo Agropecuário do IBGE
Edição de texto e imagens: Marcelo Sá – jornalista/editor e produtor literário (MTb 13.9290)
Agradecimento a Lebna Landgraf, jornalista da Embrapa Soja, pelo apoio constante à SNA   
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