Muito além da função fotossintética, as florestas apresentam importantes funções econômicas, ecológicas e sociais. Desde as primeiras civilizações é na natureza que a humanidade cresceu, se multiplicou e se desenvolveu.
No início das eras modernas, o desenvolvimento se deu exclusivamente com a finalidade econômica e social, deixando os recursos naturais de lado. Como observamos, os países mais desenvolvidos hoje apresentam suas vegetações nativas tomadas por cidades, centros tecnológicos e de produção, os recursos naturais estão confinados às áreas fechadas em parques. Por outro lado, os países em desenvolvimento, ainda detém um enorme acervo natural que vem sendo, muitas vezes, especulado pelos países que já não detém suas formações naturais, e querem travar o desenvolvimento dos outros que estão em pleno crescimento e desenvolvimento.
Nesse cenário, de buscar o desenvolvimento preservando as florestas e vegetações naturais, o Brasil deu um grande salto quando aprovou o Código Florestal Brasileiro, que traz em sua essência a preservação, com desenvolvimento econômico e justiça social. Diferente de qualquer outro país do mundo, o Brasil têm leis que obrigam o setor privado a preservar um bem que é de todos, como é o caso das florestas.
Por isso quando observamos o destaque que o Brasil é, em termos de produção de alimentos e preservação de áreas nativas, devemos sim ter orgulho de tudo que é feito por nossos produtores rurais, a quem delegamos essa missão tão nobre e muitas vezes esquecida. Temos que aproveitar esse diferencial, pois temos a produção de alimentos que mais preserva florestas no mundo.
De acordo com o diretor do Fórum sobre Florestas da ONU, Manoel Sobral Filho, globalmente, as maiores perdas acontecem nas áreas tropicais, onde as florestas também têm menor valor de mercado. Por isso o maior desafio é tornar essas florestas mais valiosas para quem detém o poder sobre elas, sejam governos, setor privado ou mesmo comunidades locais e indígenas. Uma saída seria pagar pelos serviços oferecidos pelas florestas, como o sequestro de carbono da atmosfera, promovendo o equilíbrio do clima, que afeta todo o planeta.
A grande questão é determinar à quem caberia essa fatura, à comunidade internacional e agentes privados? Um exemplo claro são os indígenas brasileiros, que detém quase 100 milhões de hectares de florestas e vivem na pobreza. Eles não recebem um centavo de compensação financeira, nem podem usar os recursos florestais, e nem a gente quer que use a não ser com um manejo sustentável.
Por isso, é preciso pensar e aplicar o pagamento pelos serviços oferecidos pelas florestas, esse mecanismo é mais importante e eficiente do que outros como o de ajuda ao Fundo Amazônia. Esses captam doações para investimentos não-reembolsáveis de conservação e uso sustentável na Amazônia Legal ou projetos pontuais, porém são valores irrisórios que demoram anos para serem usados, por isso não é a forma mais eficiente de fazer a conservação, pois não atinge de fato quem está diariamente protegendo nosso enorme ativo ambiental que alimenta o mundo.
– Jordana Sara é analista técnica do Instituto para o Fortalecimento da Agropecuária de Goiás (Ifag)
Por: Comunicação Sistema Faeg/Senar