Biotecnologia será fundamental na construção da agricultura multifuncional

Maurício Lopes, presidente da Embrapa: “A biotecnologia terá papel relevante na construção do conceito de agricultura que cresce na vertical e não mais na horizontal.”
Maurício Lopes, presidente da Embrapa: ‘Biotecnologia terá papel relevante na construção do conceito de agricultura que cresce na vertical e não mais na horizontal.’

Novas biotecnologias integradas ao melhoramento genético abrirão possibilidades para a agricultura brasileira em diversas frentes, segundo afirmou Maurício Lopes, presidente da Embrapa, em palestra realizada no dia 29 de julho, na capital paulista, no seminário Biotecnologia e Inovação, organizado pelo jornal Valor Econômico com o apoio do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB). “Precisamos ter bons sistemas de Inteligência para estabelecer políticas estratégicas e formar competências”, ressaltou, acrescentando que a agricultura caminhará para a multifuncionalidade. “Além de alimentos, temos que focar em fibras, energia, nutrição e saúde, serviços ambientais e ecossistêmicos, biomassa e biomateriais, inclusão e qualidade de vida, cultura, tradição e turismo rural”, detalhou. Lopes também destacou a necessidade de trabalhar novos modelos, arranjos e métodos de integração, cooperação e alinhamento de esforços. “Estabelecer novas parcerias no âmbito público e privado é condição fundamental para o avanço da biotecnologia no Brasil”, disse Lopes, que defendeu a inovação aberta, combinando ativos de empresas e instituições. Nesse sentido, ele citou a parceria firmada em 2012 entre a Embrapa e a Unicamp para desenvolver novas cultivares transgênicas no país. “A pesquisa envolve 15 cientistas das duas instituições e os primeiros resultados devem ser divulgados em até cinco anos”, divulgou.

Carlos Henrique de Brito Cruz, da Fapesp, reforçou  a importância das parcerias envolvendo e público-privadas
Carlos Henrique de Brito Cruz, da Fapesp, reforça importância das parcerias público-privadas

O diretor-científico da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), Carlos Henrique de Brito Cruz, também reforçou a importância das parcerias envolvendo entidades públicas e empresas privadas. “É impossível o país progredir sem um bom relacionamento desses dois lados”. Segundo Cruz, em 2011 havia 237 empresas de biotecnologia no Brasil, 94,5% delas ligadas a universidades.   DESAFIOS Na opinião de Lopes, embora seja um grande provedor de tecnologias para o agronegócio, o Brasil precisa superar vários desafios nos próximos anos. Entre os problemas a serem superados com ajuda da tecnologia, ele citou: estresse hídrico, mudanças climáticas, emissões na agropecuária, desperdício de alimentos e de energia, escassez de mão de obra no campo decorrente da urbanização, segurança nutricional e saúde, segurança biológica e assimetria entre desenvolvimento populacional e capacidade de produzir alimentos. “A biotecnologia será uma aliada importante para o Brasil possa ultrapassar esses desafios e se firmar como exportador de conhecimento nessa área”, disse.

Nicola Cenacchi, pesquisador do IFPRI, destaca papel da biotecnologia para diminuir a pressão das mudanças climáticas
Nicola Cenacchi, pesquisador do IFPRI, destaca papel da biotecnologia para diminuir a pressão das mudanças climáticas

Segundo Lopes, o foco atual das pesquisas em biotecnologia realizadas pela Embrapa é questão ambiental, em especial o enfrentamento das mudanças climáticas. “Buscamos identificar novos genes e novas funções biológicas, para saber como as plantas respondem a pressões do ambiente, como seca ou frio intensos”, disse. “Nesse sentido, a biotecnologia terá papel relevante na construção do conceito de agricultura que cresce na vertical e não mais na horizontal.” Durante o evento, Nicola Cenacchi, pesquisador do International Food Policy Research Institute (IFPRI), ressaltou o papel da biotecnologia para diminuir a pressão das mudanças climáticas e seu efeito na agricultura mundial. Ele citou estudo realizado pelo IFPRI, que indicou que variedades de milho, arroz e trigo tolerantes à seca, ao calor e mais eficientes ao uso de nitrogênio, e que contribuirão para reduzir de preços de produtos agrícolas no futuro. “Acreditamos que, até 2050, essas tecnologias possam colaborar para reduzir em 15% o preço do milho, 20% do arroz e quase 15% do trigo até 2050”, previu Cenacchi.   Por equipe SNA/SP

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