A produção mundial de café deve cair levemente em 2011/12, conforme safras maiores no Vietnã, México e Honduras ajudam a compensar uma colheita mais baixa no Brasil e na Indonésia, informou hoje Organização Internacional de Café (OIC).
A OIC reiterou que a produção totalizará 130 milhões de sacas de 60 quilos cada na temporada 2011/12, abaixo das 133,3 milhões de sacas registradas em 2010/11. Ainda assim, a organização alertou que o cenário mundial de oferta/demanda segue frágil, com o consumo estimado em 134,8 milhões de sacas.
“Em agosto, os preços do arábica subiram 1,8%, com a média do segundo e terceiro vencimentos dezembro e março no mercado futuro de Nova York em 260,39 cents por libra-peso, acima dos 255,90 cents por libra-peso apurados em julho”, disse a OIC.
“O mercado futuro de Nova York oscilou fortemente em agosto e a volatilidade dos preços aumentou um pouco, principalmente em reação às recentes notícias de geadas em algumas áreas produtoras de café do Brasil”, acrescentou a organização. Apesar dos relatos de geadas, o impacto na atual safra de café parece ser muito limitado.
“Ainda é muito cedo para estimar os efeitos que podem ter na produção de 2012/13, mas deve-se observar que as geadas normalmente afetam a floração das safras subsequentes”, afirmou a OIC.
Quebra no Sul de MG chega a 15%-20%; comercialização em 50%
A quebra na safra de café no sul de Minas Gerais em 2011 chega a 15% a 20%, isso já levando-se em conta que esta é uma safra naturalmente menor dentro do ciclo bienal da cultura. A análise parte de fonte da área de comercialização de uma grande cooperativa que atua no sul-mineiro, que falou à Agência SAFRAS.
A fonte destacou que o mercado está “muito quieto”, pouco ofertado, com produtores restringindo as vendas ao máximo, que no momento envolvem mais a entrega de grãos já comercializados anteriormente via CPR (Cédula de Produto Rural) ou outros negócios antecipados. Aproximadamente 50% da safra 2011 já foi negociada, segundo a fonte.
O produtor está mais capitalizado e retrai-se nas vendas, ainda mais com o conhecimento de que a safra 2011 ficará abaixo da expectativa inicial, aponta a fonte.
Seca reduz previsão da safra de café em São Paulo
Um veranico entre janeiro e fevereiro deste ano reduziu em 4,58% as previsões para a produção paulista de café arábica na safra 2011/12, segundo a terceira estimativa de safra divulgada nesta sexta-feira pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), vinculado à Secretaria da Agricultura do Estado. O volume total está estimado em 3,3 milhões de sacas, ante os 3,4 milhões previstos em abril.
A nova estimativa do IEA confirma o ciclo de baixa do café no Estado, com redução da produtividade média esperada para a safra 2011/12, que deve atingir a média de 20,18 sacas por hectare. Na safra anterior, a produtividade média das lavouras foi de 26,51 sacas por hectare.
Os estoques de café depositados nas propriedades, cooperativas e armazéns somavam 1,46 milhão de sacas em agosto, volume considerado baixo, o que tende a pressionar os preços do produto. Em nota, o IEA diz que “a elevação das cotações do produto em plena colheita já denota o estresse em que se encontra o fluxo de comercialização”. O indicador Cepea/Esalq para a saca de 60 quilos de café arábica acumula alta de 1,22% no mês.
Em ritmo lento, comercialização de café 2011 no Brasil atinge 42%
O mercado físico brasileiro de café vem mantendo um ritmo lento na comercialização nos últimos meses. O produtor mostra-se melhor capitalizado com as cotações mais altas no mercado internacional na temporada, além dos financiamentos governamentais. Assim, restringe os negócios e aparece mais para a comercialização apenas quando as cotações saltam na Bolsa de Nova York, refletindo-se internamente nos preços dos grãos. Ainda assim, mesmo nesses momentos, muitos cafeicultores seguram o café esperando por novas altas.
A safra 2011 é menor dentro do ciclo bienal da cultura e já há preocupações com a produção de 2012 no Brasil. Chega agora o período das floradas, que vão vingar na safra do ano que vem, e o cafeicultor está apreensivo com a falta de umidade. É preciso chover para a floração e é necessário que as precipitações continuem para que essas floradas se sustentem. Em meio a essa “tensão”, também se justifica a retração do produtor na venda do café.
A comercialização da safra de café do Brasil 2011/12 (julho/junho) fechou o mês de agosto em 42% do total. O dado faz parte de levantamento de SAFRAS & Mercado, com base em informações colhidas até 31 de agosto. Com isso, já foram comercializadas pelos produtores brasileiros 20,20 milhões de sacas de 60 quilos de café, tomando-se por base a projeção de SAFRAS & Mercado, de uma safra 2011/12 de café brasileira de 47,7 milhões de sacas. A comercialização está ligeiramente adiantada em relação a igual período do ano passado, quando 41% da então safra 2010/11 estava negociada. O mês de julho havia fechado com 35% da produção negociada.
O analista de SAFRAS & Mercado, Gil Barabach, destaca que a colheita da safra 2011/12 dá seus últimos passos, com 96% da produção já saindo dos pés até o último dia 31 de agosto. “O produtor mantém o compasso lento dos negócios, aproveitando os bons momentos para fechar posições, mas sem exageros ou afobação. É claro que quando o mercado avançou acima da linha de R$ 500 a saca para os cafés melhores, apareceram mais vendedores no mercado, mas não a ponto de interromper a firmeza, o que mostra maturidade na condução dos negócios”, comenta Barabach. Ele lembra que aproveitar o preço alto faz parte da gestão de risco de preço e evitar a afobação vendedora é a estratégia para prolongar o bom momento.
Para Barabach, “o mercado segue com uma cara muito boa”. E mesmo sujeito a correções técnicas na Bolsa de NY, ou a algum revés fundamental, como, por exemplo, boas notícias das floradas, a postura dos produtores não deve se alterar muito. “Nesse sentido, o produtor tende a manter a cadência tranquila das negociações e já começar a delinear, lentamente, alguma coisa com a safra 2012, seguindo a lógica de gerir risco de preço futuro”, avalia.
As exportações totais brasileiras de café (verde mais solúvel) em agosto atingiram 2.867.513 sacas de 60 quilos, elevação de 1,9% na comparação com as 2.813.475 sacas de igual mês do ano de 2010. A receita total com as exportações de café em agosto foi de US$ 777,529 milhões, crescendo 61,6% ante os US$ 481,104 milhões obtidos em agosto de 2010. As informações partem do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Os embarques de café verde (grão) em agosto foram de 2.594.391 sacas, queda de 0,4% ante as 2.604.380 sacas embarcadas em agosto de 2010. As exportações de arábica diminuíram 7,9% em agosto, para 2.276.246 sacas, na comparação com as 2.470.632 sacas do mesmo mês de 2010. Os embarques de robusta aumentaram 138%, passando de 133.848 sacas em agosto de 2010 para 318.245 sacas no mesmo mês do corrente ano. Já as exportações de café solúvel subiram 30,6%, totalizando 273.022 sacas.
O diretor geral do CeCafé, Guilherme Braga, destaca que “apesar de uma ligeira redução no volume de café verde exportado, os preços médios se mantêm crescentes e a receita acumulada no período de janeiro a agosto de 2011 é 71% mais elevada se comparada ao mesmo período de 2010. Considerando o período de janeiro a agosto de 2011, também é importante ressaltar a alta de 173% no volume exportado de conillon em relação aos mesmos oito meses de 2010”.
Evolução da comercialização do café
– base produtor – safra 2011/12
Fonte: Estadão/Valor/Safras