Diante das situações geopolíticas atuais, os preços do trigo estão bastante voláteis. Com isso, operadores em todo o mundo estão reduzindo as negociações e aumentando as probabilidades de preços maiores no futuro. Dessa forma, analistas afirmam que este acréscimo deverá ser repassado aos consumidores, impactando diretamente na inflação dos alimentos.
Além disso, os estoques globais do cereal para este ano-safra, até junho, devem cair cerca de 3% no comparativo com o mesmo período do ano passado. Nesse contexto, os analistas dizem que as safras dos Estados Unidos e da Argentina merecem atenção, porque são importantes produtores e vêm passando por riscos climáticos com impactos na produção.
O Brasil ainda não é autossuficiente na produção de trigo e necessita de importações para suprir seu consumo interno. Apesar disso, o País vem aumentando seus investimentos nessa cultura, com expectativas positivas para o futuro, disse o presidente da Câmara Setorial de São Paulo, Ruy Zanardi.
Oportunidades
Tendo em vista o quadro de incertezas para a cultura do trigo em longo prazo, aliado ao crescimento previsto da produção, especialistas avaliam que o Brasil poderá aproveitar esse momento para aumentar suas oportunidades nesse mercado.
“Em breve o Brasil irá conquistar a autossuficiência na produção de trigo, se tornando um exportador desse produto para mercados relevantes. Essa é uma bela oportunidade para que o agro brasileiro possa aumentar as exportações, reduzir as compras de outros países e trazer mais saldo para a Balança Comercial”, ressaltou o diretor técnico da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Marcos Fava Neves.
Cenário
Segundo ele, “o trigo está sendo uma alegria nesses últimos anos, principalmente com o desenvolvimento e o aprimoramento de variedades que estão indo muito bem no Centro-Oeste”.
O especialista destacou que o País tem registrado um aumento significativo de área, produção e produtividade na cultura do trigo e lembrou que as perdas que os produtores do Rio Grande do Sul tiveram com a soja no ano passado foram compensadas com a posterior safra do cereal.
“O clima quase que perfeito e a boa remuneração ajudaram esses produtores a pagar as contas que ficaram da soja”, disse o diretor da SNA. “Provavelmente essa situação deverá se repetir nesse ano no trigo de inverno, com boas chuvas e rentabilidade”.
Estimativa mundial
De acordo com recente relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial de trigo até 2032/33 está projetada para crescer quase 8%. A maior parte desse aumento, segundo o USDA, está relacionada ao crescimento da produtividade, com incremento de 5,1%, enquanto a área deverá ser ampliada em 2,7%.
Segundo o órgão americano, União Europeia (UE), EUA, Rússia, Canadá, China e Austrália serão os principais países responsáveis pelo aumento dessa produção, representando 73% do total da safra mundial 2032/33. Neste caso, UE continuaria em primeiro lugar, Canadá em segundo e Estados Unidos em terceiro.
O USDA estima que esses três países deverão ficar com 43% do total de todas as exportações globais em dez anos.
Equipe SNA
Fonte: Agro Bayer Brasil