Assim como fizeram há um ano e meio na criação de uma plataforma para a contratação de fretes, as principais tradings agrícolas do mundo voltaram a se unir, desta vez para a formação de uma joint venture no setor de transportes rodoviários.
Archer Daniels Midland (ADM), Amaggi, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus Company (LDC) entraram ontem com pedido de aprovação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) para criação da empresa que terá participação igualitária de 20% cada sócio.
Elvio Moro, que trabalhava na sul-mato-grossense RodoBelo Transportes, foi contratado para tocar o projeto, cujo objetivo é oferecer mais agilidade e eficiência ao escoamento da produção agrícola nos picos de safra, quando os gargalos logísticos ficam mais evidentes em toda a cadeia.
“Não existe a pretensão de resolver todos os problemas do setor, até porque eles passam pelas estradas, portos e capacidade de armazenagem. Mas a intenção é minimizar alguns deles para os sócios”, disse Moro ao Valor.
A expectativa é que a nova empresa, que ainda não tem nome, atenda somente 3% do volume total de cargas das cinco tradings. Os outros 97% dos grãos continuarão sob a responsabilidade de transportadoras parceiras e motoristas autônomos.
Inicialmente, serão comprados 1.000 caminhões graneleiros e caçambas, mas o valor do investimento não foi divulgado. A sede da empresa tampouco foi definida. A previsão é de que a joint venture gere mais de 1.000 empregos entre motoristas, pessoal de suporte e administrativo. Não há prazo para análise do processo pelo CADE.
ADM, Amaggi, Cargill e Louis Dreyfus são sócias na plataforma de fretes Carguero, desde junho de 2021. A Bunge tem sociedade semelhante com a argentina Target.
Na ocasião de lançamento da Carguero, Luis Barbieri, CEO da empresa, disse que o custo operacional de contratar um motorista variava de R$ 3,00 a R$ 9,00 por tonelada, o que seria economizado pelas empresas. Agora, Moro afirmou que não há um estudo sobre economia ou eficiência logística, apenas a intenção de melhorar processos.
“A safra brasileira triplicou de tamanho nos últimos 20 anos e deve ultrapassar as 300 milhões de toneladas em 2022/23. As dores dos problemas logísticos são de todos e por isso elas se uniram”. Segundo ele, cada trading definirá onde ficarão seus 200 caminhões iniciais e quais rotas serão abrangidas.