Café do Cerrado Mineiro conquista registro de Denominação de Origem

Francisco Sergio de Assis, presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro comemora DO
Francisco Sergio de Assis, presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado Mineiro, traça metas após registro de DO. Foto: divulgação

 

Em meio a um cenário de crise, que segundo previsões não deve apresentar melhora este ano, a cafeicultura brasileira ganha uma boa notícia. O Cerrado Mineiro acaba de receber do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) o primeiro registro de Denominação de Origem (DO) do grão no país. O INPI já havia concedido o selo de Indicação de Procedência (IP) à região em 2005, uma das quatro que o café nacional possui, mas esta nova certificação é a primeira que prova o vínculo do produto com o meio ambiente.

Francisco Sergio de Assis, presidente da Federação dos Cafeicultores do Cerrado, comemorou o novo título. “O café do Cerrado Mineiro é distinto. Temos qualidade diferenciada. Agora, empresas de café expresso, como a Nespresso, estão usando o nosso produto. Como tudo na área da agricultura, o resultado é lento, mas aos poucos estamos conquistando fatias do mercado que antes não tínhamos.”

Diferentemente da Indicação de Procedência, a Denominação de Origem vai além das características do território ao valorizar também o produto. Segundo a federação, para conquistar a Denominação de Origem, é necessária a comprovação de que o produto produzido naquela região é único e possui características que somente podem ser obtidas naquela origem, o que inclui não somente fatores naturais, como clima, solo, relevo e altitude, mas também fatores humanos.

“Somos a região mais sustentável do mundo. Dos 170 mil hectares, 94 são certificados. Esses números comprovam o que estou dizendo. Aqui, o ser humano e a natureza são valorizados, então produzimos um produto distinto”, orgulha-se. O regulamento de uso da DO, informa o INPI, prevê que as variedades utilizadas sejam, obrigatoriamente, da espécie Coffea arabica.

O território é formado por 55 municípios, localizados no Alto Paranaíba, Triângulo Mineiro e noroeste de Minas, que apresentam um padrão climático uniforme, com verões quentes e úmidos e invernos amenos e secos. Os cafezais são cultivados entre 800 e 1,3 mil metros de altitude, o que, segundo a federação, “confere ao café produzido no Cerrado Mineiro uma identidade exclusiva e de alta qualidade”. A região produz uma quantidade estimada em 5 milhões de sacas, provenientes do trabalho de cerca de 4,5 mil cafeicultores.

“Em 2013, certificamos 100 mil sacas. Com a DO, vamos dobrar este número. E, a cada ano, esperamos que a quantidade de café diferenciado cresça entre 30% e 40%”, estima o presidente. “Com essa conquista, nossa próxima meta agora é a consolidação. Acredito que seja possível certificarmos 70% de todo o nosso café.”

Esse é o segundo registro de indicação geográfica (IG) brasileira concedido pelo órgão. O primeiro foi para os vinhos do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul.

Entenda as IGS

De acordo com o INPI, o interesse nacional pela certificação é cada vez maior, porque a IG delimita a área de produção ao restringir seu uso aos produtores da região, resguardando as características locais e “impedindo que outras pessoas utilizem o nome da região em produtos ou serviços indevidamente”.  São duas as modalidades de Indicações Geográficas: Indicação de Procedência (IP) e Denominação de Origem (DO).

A Indicação de Procedência comprova a tradição do local que se tornou conhecido por produzir, extrair ou fabricar determinado produto. Já a Denominação de Origem garante que a qualidade e as caraterísticas do produto sejam atribuídas à sua origem geográfica.

Os registros não têm data de validade, não possuem ordem de solicitação e são representados nos produtos por um selo.

Por Equipe SNA/RJ

 

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