As exportações de milho do Brasil em 2022 totalizaram 43.528 milhões de toneladas em 2022, segundo levantamento da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec). Houve um aumento de 111% em relação às 20.614 milhões de toneladas exportadas em 2021. A receita gerada foi de US$ 12.3 bilhões.
O resultado, que garantiu um novo recorde, é quase o triplo do que foi registrado em 2021, período em que a seca afetou o total de volumes exportados, destacou a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) em recente balanço.
Para o vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Hélio Sirimarco, as exportações crescentes de milho “refletem a capacidade de o agronegócio brasileiro aumentar o volume de produção em ritmo superior ao consumo interno e com preços competitivos no mercado internacional”.
Essa conquista, segundo Sirimarco, “só foi possível graças aos ganhos de produtividade e à expansão das áreas de cultivo do milho de segunda safra, o que, por sua vez, estão associados a elevados investimentos em máquinas, na adubação e correção do solo, no melhoramento genético e a adaptações dos períodos de plantio”.
Cenário mundial
Em 2022, a maior oferta brasileira gerou bons excedentes exportáveis em um ano de restrição da oferta na Ucrânia, diante dos ataques russos, e de problemas climáticos afetando a safra de importantes produtores do Hemisfério Norte.
Nos Estados Unidos, principal produtor de milho, o clima seco e quente prejudicou a produtividade das lavouras. Na Europa, a seca e o forte calor considerados uns dos piores das últimas décadas, resultou em reajustes negativos nas produtividades das safras. Na China, uma severa onda de calor no sudoeste do país atingiu as lavouras de arroz e de milho.
Na região do Mar Negro, a redução da produção de 2022 foi de 25,20%. Além disso, apesar da retomada de embarques por parte da Ucrânia, dificuldades logísticas vêm limitando o escoamento de grãos. Importante também ressaltar a decisão da China de importar milho do Brasil, com os primeiros embarques realizados em novembro e dezembro de 2022.
Soja
A Anec também informou que, em 2022, o Brasil exportou 78.004 milhões de toneladas de soja, contra as 86.634 milhões de toneladas exportadas em 2021.
Impulsionada por preços mais altos, após a quebra da safra de 2021/22, a soja brasileira, que lidera a pauta de exportações do País, registrou um aumento de receita de 20,80%, em comparação com o ano anterior, segundo a Secex. Mesmo com a queda de volume nos embarques em 2021, a soja faturou US$ 46.69 bilhões em 2022, contra US$ 38.6 bilhões no período anterior.
Em recente estimativa, Sirimarco afirmou que a safra de soja 2022/23 deverá totalizar 153 milhões de toneladas colhidas. Em comparação com a safra 2021/22 de 126.90 milhões de toneladas, a nova projeção representaria um aumento de 20,80%.
Segundo o vice-presidente da SNA, “o resultado deverá ser favorecido pela área plantada de 43.79 milhões de hectares, o que irá permitir um aumento de 1.98 milhão de hectares em relação à área da safra 2021/22, quando foram plantados 41.80 milhões de hectares”. Em 2022, a soja praticamente manteve a sua participação de 13,90% no total nas exportações brasileiras, informou a Secex.
Outros produtos
Notável desempenho também foi registrado na produção de trigo. Segundo a Anec, o Brasil exportou 3.2 milhões de toneladas do produto em 2022, triplicando o volume de 1.1 milhão de toneladas em 2021. Quanto ao farelo de soja, a associação indicou que no ano passado foram exportadas 20.552 milhões de toneladas, contra 16.880 milhões de toneladas embarcadas em 2021.
Em seu balanço, a Secex destacou ainda o crescimento de receita nas exportações de outros produtos como carne bovina, com US$ 11.8 bilhões; açúcar (US$ 11.3 bilhões); farelo de soja (US$ 10.9 bilhões) e carnes de aves (US$ 8.9 bilhões).
Ainda segundo Secex, os embarques de petróleo somaram US$ 42.7 bilhões, com aumento de mais de US$ 12 bilhões na comparação anual. O resultado elevou a participação da commodity para 12,70% do total das exportações do País, contra 10,90% no ano anterior, também com preços mais favoráveis.
As exportações de minério de ferro caíram para US$ 28.9 bilhões em 2022, contra US$ 44.66 bilhões em 2021. Quanto aos óleos combustíveis, os embarques totalizaram US$ 13 bilhões em 2022.
Importações
Em relação às importações, a Secex informou que os adubos químicos registraram uma demanda de US$ 24.7 bilhões em 2022, com aumento de US$ 9.6 bilhões na comparação com 2021. A alta sensível foi motivada pelas incertezas acerca da oferta do produto em razão da guerra na Ucrânia.