O primeiro seminário preparatório para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-27) foi realizado em 28 de setembro pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
O evento foi aberto pelo presidente da CNA, João Martins, que destacou a importância da participação no debate sobre os objetivos do setor agropecuário a serem levados à COP-27, que acontece de 6 a 18 de novembro no Egito.
Segundo Martins, o seminário é o início de uma “jornada rumo aos objetivos do acordo mundial sobre as mudanças climáticas que irá pautar o desenvolvimento econômico, social e ambiental no mundo nas próximas décadas”.
“Teremos um grande desafio para retomar o crescimento econômico pós-pandemia, uma vez que precisamos garantir segurança alimentar e energética com menor emissão de gases de efeito estufa”, disse o presidente da CNA.
Esse conjunto de soluções climáticas, destacou João Martins, “permite ao Brasil deter um elevado grau de resiliência produtiva e garante ao País amplas condições para cumprir seu papel de alimentar 1 bilhão de pessoas, sem recuar dos seus compromissos internacionais”.
Provedor
O executivo lembrou que o Brasil foi desafiado a produzir mais e melhor e agora terá a oportunidade de fazê-lo, “fornecendo não só comida e energia limpa, mas também soluções de descarbonização para aqueles países que precisam cumprir outras prioridades”.
O presidente da CNA também destacou que o Brasil não recuou de suas obrigações ambientais, servindo, inclusive, como exemplo de produção sustentável e de elevado percentual de energia limpa em sua matriz energética.
Pauta prioritária
O presidente da Comissão do Meio Ambiente da CNA, Muni Lourenço, destacou que a pauta da sustentabilidade ambiental é prioritária para a CNA e para o agro brasileiro.
“A CNA, mais uma vez, estará participando da COP-27 deste ano no Egito com um protagonismo à altura do agro brasileiro, tanto para a economia nacional quanto para a sustentabilidade ambiental e para a segurança alimentar do nosso país e do mundo”, disse Muni, que também é presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea).
Vitrine
Ele explicou que a CNA irá aproveitar a COP-27 para mostrar ao mundo a grande contribuição do produtor rural brasileiro para a sustentabilidade ambiental do planeta.
“Vamos mostrar o esforço do produtor rural brasileiro em construir uma agropecuária baseada em incorporação de novas tecnologias, em aumento de produtividade e diminuindo a pressão em relação ao meio ambiente”.
Legislação ambiental
Outro ponto destacado pelo representante da CNA foi sobre a legislação ambiental do Brasil. “Certamente é uma das mais completas legislações ambientais hoje existentes no mundo. Com isso, nos dá autoridade para chegarmos de cabeça erguida no Egito e mostrar esse grande esforço e a contribuição do produtor rural brasileiro nessa questão”.
Defesa de interesses
Muni também enfatizou que “a CNA estará, como sempre, vigilante em defesa dos interesses do agro brasileiro, da imagem do produtor rural e dos produtos do agro”.
“A CNA estará atenta para que as decisões tomadas na COP-27 não extrapolem a temática ambiental e que não criem, a pretexto das responsabilidades ambientais, que são de todos nós, barreiras não-tarifárias, situações que possam caracterizar dificuldades de acesso do produto brasileiro aos mercados internacionais”, ponderou.
Panorama
No primeiro painel do seminário pré-COP, o sócio-diretor da Agroícone, Rodrigo Lima, apresentou um panorama sobre o caminho traçado pelo Brasil até chegar à COP-27, contextualizou o cenário do Brasil no Acordo de Paris, e falou sobre como o setor agropecuário está inserido nas negociações.
“Na Conferência, os países levam suas metas e detalham como vão implementar. O que se espera do Brasil nesta conferência não é a apresentação de novas metas, mas que mostre as ações que serão feitas para cumprir as metas, já ambiciosas”, afirmou Lima.
“A discussão estará muito em torno do financiamento e da questão energética, com a crise vivenciada pela Europa”.
Desenvolvimento
Segundo o participante, todas as ações apresentadas pelo Brasil devem ser utilizadas para o desenvolvimento do país. “Nada que o Brasil colocar na COP-27 deve ser por conta somente do Acordo de Paris, mas para o nosso desenvolvimento”, disse.
“Ter novas energias renováveis, por exemplo, é para desenvolver novos tratores, máquinas e equipamentos. Ter uma agenda de desenvolvimento como a agropecuária, que adota as tecnologias do ABC+, mais forte, evoluindo, melhorando produtividade e adaptação e ganhando mais dinheiro”, destacou Lima.
Negociações
O embaixador Leonardo Athayde, diretor do departamento de Desenvolvimento Sustentável do Ministério das Relações Exteriores, apresentou um painel com informações sobre as negociações para este ano, os temas principais que estão ocupando as delegações e comentou sobre a participação do Brasil.
Segundo Athayde, o governo avalia que o momento geopolítico é complexo e pode influenciar nas negociações da conferência com enfoque maior para a segurança energética, mas os temas principais devem estar em torno do financiamento climático, da meta global de adaptação e de uma agenda de indenização e mitigação de perdas e danos do meio ambiente.
“Os países desenvolvidos se comprometeram em financiar os países em desenvolvimento, mas essa meta não tem sido cumprida e o montante de financiamento mobilizado tem ficado muito aquém e com pouca transparência. Uma nova meta quantitativa global de financiamento climático deve ser um dos grandes temas abordados, que deve entrar em vigor em 2025”, explicou o embaixador.
Outros enfoques
Durante o seminário, o secretário de Clima e Relações Internacionais do Ministério do Meio Ambiente, Marcus Henrique Morais Paranaguá, detalhou o Acordo de Paris, os objetivos, as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), as adaptações e o mercado de carbono.
Paranaguá enfatizou o potencial do Brasil de ser um grande fornecedor de energia limpa e renovável para a Europa e para os Estados Unidos.
“Temos um grande potencial das energias renováveis e, de mãos dadas com a produção agrícola, o Brasil tem tudo para ser um grande ator político de energia e de descarbonização, ou seja, pode ajudar o crescimento verde, a geração de novos empregos e investimentos de grandes empresas internacionais”.
Encaminhamento
A CNA realizará um próximo seminário no dia 18 de novembro, onde irá apresentar um documento com o conjunto de posicionamentos dos produtores rurais nas negociações do Acordo de Paris.
Acesse aqui o primeiro seminário preparatório para a COP-27 realizado pela CNA.