A produção brasileira de grãos na safra 2021/22 está estimada em 271.2 milhões de toneladas, o que corresponde a um aumento de 5,60% (acréscimo de quase 14.5 milhões de toneladas), quando comparada com o ciclo anterior 2020/21. Os números fazem parte do 12º e último levantamento sobre a safra de grãos 2021/22, divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Segundo a estatal, principal produto cultivado, a soja teve o desenvolvimento marcado pelas altas temperaturas em importantes regiões produtoras, como no Paraná, Santa Catarina e em parte de Mato Grosso do Sul. Essa condição climática adversa causou um impacto severo na produtividade, influenciando na queda da produção.
No Rio Grande do Sul, por exemplo, a quebra registrada superou 50%. Diante desse cenário, a colheita da oleaginosa no País está estimada em 125.55 milhões de toneladas, uma redução de aproximadamente 10% em relação à safra 2020/21 (124.05 milhões de toneladas).
O presidente da Conab, Guilherme Ribeiro, indicou em comunicado que, “embora tenha passado por adversidades climáticas em algumas regiões produtoras, principalmente nos estados da região Sul do País, esta é a maior colheita já registrada dentro da série histórica de produção de grãos no Brasil”.
Milho
Para o milho, houve uma recuperação na produção total com uma colheita estimada em 113.2 milhões de toneladas, o que representa um aumento de 30% quando comparado com o ciclo anterior (87.10 milhões de toneladas).
Enquanto na primeira safra houve uma certa estabilidade na produção em 24.9 milhões de toneladas, em virtude das condições climáticas desfavoráveis principalmente nos estados do Sul, a segunda safra foi marcada por uma retomada na produção em torno de 41,80%, sendo estimada em 86.1 milhões de toneladas, contra 60.74 milhões de toneladas em 2020/21.
Segundo a Conab, o resultado só não foi melhor por causa da falta de chuvas em Goiás, São Paulo e Minas Gerais. Nesses estados, além da estiagem, houve registro de ataque de cigarrinhas nas lavouras, praga que também afetou a produtividade no Paraná.
“Há duas safras houve o registro de cigarrinhas em regiões de clima frio. A partir daí, a praga tem aparecido de forma mais recorrente. Para a safra 2022/23, os produtores precisam ter bastante atenção quanto ao surgimento desse vetor de forma a tentar melhor controlá-lo”, explicou na nota diretor de Informações Agropecuárias e Políticas Agrícolas, Sergio De Zen.
Algodão
Outro importante produto, o algodão teve a produtividade parcialmente prejudicada pelo estresse hídrico em algumas lavouras, enquanto que a qualidade da pluma, que tem produção estimada em 2.55 milhões de toneladas (aumento de 8,30% em relação a 2020/21, quando a colheita atingiu 2.36 milhões de toneladas), está muito boa em virtude do clima. Em contrapartida, a falta de chuvas favorece o andamento da colheita, prevista para finalizar em setembro.
Feijão, arroz e sorgo
Já os produtores de feijão enfrentaram problemas climáticos em todas as três safras da leguminosa. Ainda assim a produção está estimada em aproximadamente 3 milhões de toneladas (aumento de 3,60% em relação à do período anterior, que foi de 2.89 milhões de toneladas). Segundo a Conab, o volume atende o abastecimento do País.
No caso do arroz, o volume total a ser colhido é estimado em 10.8 milhões de toneladas, registrando uma queda de 8,40% em relação a 2020/21 (11.77 milhões de toneladas), em virtude de menor destinação de área para o plantio, bem como pela redução na produtividade média nacional. Ainda assim, a produção também é suficiente para a demanda do mercado interno.
A Conab destacou também a safra de sorgo, que foi impulsionada pelos preços do milho, registrando uma produção recorde de 2.85 milhões de toneladas, com aumento de 36,90% em relação à safra passada.
Trigo
Entre as culturas de inverno, a Conab estima uma produção recorde para o trigo, podendo chegar a 9.4 milhões de toneladas, um aumento de 22% em relação a 2021 (7.68 milhões de toneladas). Houve leve atraso no plantio no Sul do País em virtude do excesso de chuvas, mas as condições são favoráveis ao desenvolvimento das lavouras.
Mapeamento
Nesta edição, a Conab apresentou os resultados do mapeamento de áreas cultivadas com soja. Na safra 2020/21, o trabalho foi desenvolvido nos estados da região Centro-Oeste e em Rondônia. Já na atual temporada, a metodologia foi utilizada para a região do Matopiba, composta por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia.
Com a conclusão das atividades, foi possível aprimorar os processos de análise e disponibilizar informações com maior segurança e transparência para a sociedade, bem como promover a aplicação de novas tecnologias nas estimativas de safra da Companhia, em colaboração com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Além de tornar viável o acesso da localização de áreas cultivadas com soja, com base em sensoriamento remoto e geoestatística, a estatal atualizou as estimativas de área da soja para a região com base nesse trabalho.