O lançamento do Programa AgroHub Brasil pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que entrará em vigor no início de setembro, e as necessidades de adaptação aos padrões ESG, parecem ter ampliado a percepção da importância da tecnologia para o agronegócio. Com mais de 1.500 startups ligadas às atividades e mais de 50 ambientes de inovação distribuídos por todo país, especialmente em regiões de vocação agropecuária, segundo dados do MAPA, o Brasil vem recebendo espaços e prêmios que estimulem o uso da inovação na agroeconomia atendendo as expectativas de angariar uma fatia desse mercado que prevê o Valor Bruto de Produção(VBP) do setor em R$ 1,220 trilhão em 2022, 0,3% maior que no ano passado segundo dados divulgados pela Conab e pelo IBGE no mês de agosto.
A Sociedade Nacional de Agricultura (SNA) lançará, no segundo semestre do ano, um hub reunindo startups selecionadas do agronegócio. “A SNA tem agora um novo pilar, focado na área de tecnologia e inovação. Somos uma instituição centenária que procura sempre acompanhar a modernidade. E o agro ganha com isso”, afirma o presidente da instituição, Antônio Alvarenga. A cooperativa Holambra, lançou hoje, 18 de agosto, seu próprio centro de inovação para o agronegócio, um hub intitulado Telescope. Fundada em 1960, a cooperativa em Paranapanema (SP) soma 70 mil hectares de área explorada. cerca de 160 cooperados e é referência na produção de grãos em todo o Brasil.
Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o CEO da cooperativa, Shandrus Hohne de Carvalho, explicou que cinco agtechs já estão testando soluções em parceria com a Holambra e que, no lançamento do hub, serão escolhidas mais três startups que alavanquem ainda mais o potencial econômico da produção. “O que essas empresas têm facilmente é acesso a investimentos, tecnologia e pessoas qualificadas, mas precisam de mercado. Então, vamos montar um portfólio com soluções que atendam as nossas prioridades”, esclareceu o CEO, frisando que o uso de tecnologia já é comum aos cooperativados – mais de 80% dos produtores já usam sistemas de irrigação e IoT (Internet das Coisas) nas máquinas.
A gigante multinacional Bayer está com inscrições abertas para o II Food Loss Chalenge, uma competição para startups disruptivas com foco em evitar o desperdício de alimentos dentro e fora do campo. A meta é apresentar as melhores propostas no Dia Mundial da Alimentação, data celebrada em 16 de outubro. Segundo relatório do Boston Consulting Group, um terço da comida produzida no mundo é jogada fora. Valores que somarão US$ 1,5 trilhão em 2030 se continuarmos nessa proporção.
Visando contornar esse desperdício e se adaptar aos padrões ESG, as agtechs focadas nesse nicho têm recebido cada vez mais recursos. Em janeiro, a Gávea Marketplace recebeu um aporte de R$ 23 milhões, um valor considerado fora do padrão. A Gávea vai investir na ampliação das validações socioambientais (ESG) e acelerar a distribuição das commodities brasileiras para a Europa e Ásia. De acordo com o portal “Fusões & Aquisições”, até agtechs argentinas estão de olho no agronegócio brasileiro. A ZoomAgri, fundada em 2017, informou que planeja investir R$ 50 milhões nos próximos cinco anos no Brasil para ganhar espaço no mercado de testes, inspeções e certificações digitais de diferentes commodities agrícolas.