Estimativa divulgada pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostra que o Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro poderá diminuir seu ritmo de crescimento ou sofrer baixa em 2022, em comparação ao ano passado, quando foi registrado aumento de 8,36%.
O Cepea relaciona sua projeção aos elevados custos de produção provocados pela guerra entre Rússia e Ucrânia. Uma estimativa preliminar mais pessimista indica que o PIB do setor poderá cair de 4% a 6%. Por outro lado, na melhor perspectiva, o índice deverá subir até 5%, informou a pesquisadora de macroeconomia do Cepea, Nicole Rennó.
“Esperamos um desempenho pior do PIB do agronegócio, mas lembrando que a base está muito alta. O que vai trazer grande desafio para o PIB é o cenário que está mais complicado por conta dos custos em alta.” Nicole lembrou que as despesas elevadas já atingiam o agro no ano passado.
“A situação foi agravada por conta dos fertilizantes, (com o conflito) da Rússia”, destacou a pesquisadora. “Agora, os custos com fertilizantes, energia, combustíveis e, se a gente pensar na pecuária, preços dos grãos que devem continuar firmes, representam mais custos para o setor como um todo.”
A especialista destacou ainda que a demanda doméstica tende a continuar fraca, fator que pesa sobre a pecuária. Segundo ela, embora as exportações sejam um importante impulsionador dos resultados do segmento de carnes, a maior parcela da produção é destinada ao consumidor brasileiro.
Balanço
O ano de 2021 foi marcado por aumento de 8,36% no PIB. O resultado foi obtido pelo Cepea em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Contudo, o aumento veio abaixo da expectativa de 9,37%, uma vez que a inflação deteriorou a medida de renda real do agronegócio.
A quebra de safra de milho e resultados negativos na pecuária também limitaram o crescimento anual. Ainda assim, o agronegócio alcançou participação de 27,40% no PIB brasileiro, a maior desde 2004, quando foi de 27,53%.
Segundo o levantamento do Cepea, o setor agrícola registrou alta de 15,88%, enquanto a pecuária recuou 8,95% no ano passado.
“O forte crescimento do PIB do segmento primário agrícola decorreu especialmente do alto patamar real dos preços, tendo em vista as expressivas quebras de produção para importantes culturas, devido ao clima desfavorável”, indicou o Cepea em nota.
Insumos
Além disso, o centro de pesquisas observou que o avanço da renda na agricultura só não foi ainda maior por conta do também expressivo incremento dos custos de produção, que, por sua vez, elevou o desempenho do segmento de insumos.
“Esse crescimento refletiu, em grande medida, a alta importante dos preços de fertilizantes e de máquinas agrícolas, mas o aumento da produção nacional de fertilizantes, defensivos e máquinas agrícolas também impulsionou os resultados.”
Na pecuária, a queda teve como principal fator de pressão o forte aumento dos custos com insumos, seja dentro da porteira, na agroindústria ou nos agrosserviços do ramo.
Além dos preços elevados de animais vivos, a quebra na segunda safra de grãos do ano passado elevou os custos com milho, matéria-prima utilizada na ração utilizada na pecuária. “Ademais, a menor produção de boi gordo também influenciou negativamente o PIB pecuário”, indicou o Cepea.
Fonte: Reuters
Equipe SNA