Por Renata Bossle
A tendência de alta no mercado dos créditos de descarbonização criados pelo programa RenovaBio – os CBios – segue batendo recordes. Na primeira metade de fevereiro, o preço médio dos 3,29 milhões de títulos negociados foi de R$ 80,49.
O valor está 104,8% acima do registrado em 2021, de R$ 39,31, e representa uma alta de 11,8% ante o acumulado deste ano, de R$ 71,98. Em relação à média histórica do programa, por sua vez, a variação é de 86%.
Os números foram calculados pelo NovaCana a partir de dados da B3, única entidade registradora do programa, e se referem à posição até 16 de fevereiro.
A alta nos preços gerou preocupações entre as distribuidoras que possuem metas a cumprir no RenovaBio e levou o Ministério de Minas e Energia (MME) a emitir uma nota de esclarecimento sobre a oferta dos créditos.
“O MME monitora permanentemente o mercado de CBios, a comercialização dos títulos disponibilizados por emissores e adquiridos pelos compradores, por meio dos dados publicados pela B3. O MME reitera que a oferta total de CBios, emitidos mais estoques, prevista para 2022, será superior ao volume de CBios necessário para o cumprimento integral da meta definida para o ano”.
Cotações
Na primeira quinzena de fevereiro, os CBios foram comercializados entre R$ 31,99 (dia 9) e R$ 91,65 (dia 15). O valor registrado ao final do período, aliás, renova o preço recorde para os créditos.
Desde o início da comercialização dos créditos, em junho do ano passado, o valor oscilou entre R$ 15 e R$ 91,65. Em 2021, a variação foi de R$ 26,75 a R$ 66.
“Os números refletem todas as operações de compra e venda envolvidas em um ciclo de negociação. Assim, no caso de intermediações realizadas por corretoras ou outras instituições, primeiro é realizada uma operação de compra das quantidades e, depois, uma operação de venda para o investidor final”, explica a B3.
Novas emissões em baixa
Desde o início de 2022, as usinas produtoras de biocombustíveis emitiram 2,93 milhões de CBios – 12,2% a menos que no mesmo período do ano passado. Deste total, 784,04 foram gerados na segunda quinzena de fevereiro.
Embora a moagem de cana-de-açúcar na região centro-sul esteja paralisada por conta da entressafra, o número de títulos escriturados junto à B3 segue subindo, uma vez que ele é vinculado ao volume comercializado de biocombustível.
Entretanto, o ritmo desacelerado pode estar vinculado a menor demanda pelo produto, que atualmente não é considerado competitivo frente à gasolina nos postos de combustíveis. Considerando todo o intervalo do início do RenovaBio até o momento, 52,41 milhões de CBios já foram escriturados pelas produtoras de biocombustíveis.
Participação
Atualmente, segundo a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), 303 unidades participam do RenovaBio; destas, três fabricam biometano e 32, biodiesel.
Dentre as 268 usinas de etanol certificadas, 257 utilizam apenas a cana-de-açúcar; seis processam milho e cana; quatro, apenas milho, e uma produz biocombustível de primeira e de segunda geração de forma integrada.
Posse e aposentadoria
Além dos CBios emitidos neste ano, o mercado também conta com o saldo referente a 2021, totalizando 13,38 milhões de créditos. Este volume é suficiente para cobrir o equivalente a 37,2% da meta do RenovaBio para 2022, de 35,98 milhões de créditos.
Em 16 de fevereiro, 13,21 milhões de créditos estavam disponíveis no mercado. A maior parte deste volume – 8,31 milhões – já estava em posse de distribuidoras com metas a cumprir. Na sequência, as produtoras de biocombustíveis detinham 4,68 milhões de CBios, enquanto investidores externos ao programa possuíam 212,47 mil créditos.
Para completar, 170,8 mil CBios já foram retirados de circulação por meio de um processo conhecido como aposentadoria.
Embora o valor seja equivalente a apenas 0,5% da meta para 2022, as distribuidoras possuem o prazo até 31 de dezembro para cumprirem seus objetivos individuais. No mesmo período de 2021, apenas 53,89 mil CBios haviam sido aposentados.
Como a B3 não informa quem solicitou a aposentadoria dos créditos, é possível que uma parte deste total seja referente a investidores que não têm compromissos com o programa.
Ainda que esteja previsto que a retirada de títulos feitas pelas chamadas “partes não obrigadas” possa ser deduzida dos objetivos finais do RenovaBio, as aposentadorias de 2022 devem ser contabilizadas em 2023.
Fonte: NovaCana
Equipe SNA