Após a escalada do ano passado, as cotações internacionais de fertilizantes devem se acomodar perto dos atuais patamares nos próximos meses. Para alguns produtos, como a ureia, se espera até mesmo um recuo. Os preços dos três grupos de macronutrientes subiram de forma significativa em 2021. Ureia, MAP (fosfatado) e cloreto de potássio chegaram a triplicar.
“Esperamos que os preços cedam um pouco em 2022 e 2023”, disse Bárbara Evangelista, analista da Globalfert. “Mas eles devem se manter em patamares mais altos do que os de 2019 e 2020”.
Para os nitrogenados, grupo que inclui a ureia, há “clara tendência de queda” a partir do segundo trimestre, estimou Marcelo Mello, diretor de fertilizantes da consultoria americana StoneX. “A partir de abril ou maio, a [cotação da] ureia deve derreter. Até lá, ela pode seguir estável”, disse.
No segundo trimestre, os produtores americanos já terão feito suas compras, e a demanda em outros importantes produtores de grãos e cana, como Brasil, Índia e União Europeia, estará mais fraca. Além disso, se espera que o preço do gás natural, que é matéria-prima da ureia, recue a partir de março, com o fim do inverno no Hemisfério Norte.
Entre os fertilizantes, a cotação da ureia foi uma das que mais subiram no ano passado. No intervalo entre dezembro de 2020 e dezembro de 2021, o preço no porto no Brasil aumentou 193%, passando de US$ 284,00 para US$ 833,00.
Já o potássio, que subiu mais de 200% no ano passado, mas segue praticamente estável desde dezembro, ainda poderá aumentar entre 10% e 20% no primeiro semestre. Isso dependerá de como se acomodarão as exportações de Belarus, um dos principais fornecedores do nutriente no mundo, que sofreu sanções econômicas dos Estados Unidos.
A produtora Belaruskali e seu braço de comercialização, Belarusian Potash Company (BPC), estão proibidas de vender para os americanos. Para a Belaruskali, as sanções valem desde 8 de dezembro passado, e, para a BPC, elas entrarão em vigor em abril.
Mesmo os importadores que não impuseram sanções a Belarus – caso do Brasil – podem enfrentar dificuldades para fechar operações de compra em moeda americana ou utilizar serviços prestados por bancos que tenham escritórios nos Estados Unidos.
O fósforo, que aumentou 110% em 2021, também pode ter um ajuste moderado de preços nos primeiros meses do ano. A oferta global é apertada no momento, e a China, um fornecedor importante, voltará ao mercado só a partir do segundo semestre.
Isso deve permitir que “as cotações possam ceder um pouco”, disse um executivo ligado à indústria. Segundo a fonte, os chineses estão “na prática” fora do mercado até junho de 2022.
Fonte: Valor
Equipe SNA
