A colheita de cana caminha para a entressafra, e os preços começam a reagir tanto na porta da usina como nos postos de abastecimento. Esse novo acerto de mercado faz com que haja uma redução de oferta, que afetará os consumidores via preço. É um ajuste natural do mercado, que ocorre todo ano neste período.
Esse acerto ocorre basicamente por dois fatores. Primeiro, o consumidor vem utilizando mais etanol neste ano. Desde o início da safra, em abril, a demanda subiu 18%. Além disso, as empresas começam a fazer estoques para o período de entressafra, quando a oferta será menor.
O mercado será ajustado pelos preços na entressafra, e as usinas esperam valores melhores na comercialização. A redução de oferta no curto prazo fará com que a demanda mensal recue pelo menos 10% de janeiro a março. O consumo atual é de 1,1 bilhão a 1,2 bilhão de litros.
A demanda crescente deste ano foi possível devido à oferta maior de álcool, que deverá superar em 4,5 bilhões de litros a da safra anterior.
A moagem de cana-de-açúcar deverá atingir 590 milhões de toneladas na região centro-sul, acima dos 532 milhões da safra anterior.
O aquecimento da demanda interna por etanol reduziu a oferta de produto para exportação e permitiu à Petrobras importar menos gasolina. As vendas externas deverão chegar a 2,4 bilhões de litros nesta safra.
Na anterior, superaram 3 bilhões.
O cenário deste ano mostrou que o mercado nacional teria absorvido uma oferta ainda maior de etanol.
O tipo anidro foi comercializado a R$ 1,3658 nesta semana nas usinas paulistas, com alta de 3,56% em 30 dias. Já o hidratado esteve a R$ 1,2199, com aumento de 4,60%, aponta o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
No mesmo período, a Folha detectou correção de 2,52% para o combustível nos postos da cidade de São Paulo. Apesar desse ajuste do etanol, o derivado de cana ainda é mais competitivo do que a gasolina, que também subiu de preço na semana.
O álcool vale atualmente 66% do valor da gasolina. Pesquisas indicam que, na média, o etanol é mais competitivo do que a gasolina quando custa até 70% do valor do derivado de petróleo.
Fonte: Folha de S.Paulo (Vaivém)