Agro precisa avançar na capacitação de gestores de empresas rurais, afirmam especialistas

A tecnologia aumentou a produtividade no campo, mas, segundo analistas, há uma grande necessidade de mão de obra qualificada e de gestão das propriedades rurais. Foto: Pixabay

“Um dos entraves atuais do agronegócio brasileiro está na área de gestão da empresa rural. É preciso investir cada vez mais na capacitação dos produtores”, destacou o presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Antonio Alvarenga, ao participar do último painel do Fórum Global de Inovação em Tecnologia e Sustentabilidade (FITS Agro).

Durante o evento foram debatidos aspectos relacionados à capacitação e empreendedorismo no agronegócio sustentável.

“Temos de acrescentar vários conteúdos à qualificação. A tecnologia aumentou a produtividade no campo, mas há uma necessidade muito grande de gestão das propriedades rurais e de toda a cadeia produtiva. A pandemia, que estimulou a digitalização, acabou acelerando essa demanda”, disse José Guilherme Ribeiro, diretor-superintendente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-MT).

Para Chico Castro, superintendente do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) de Mato Grosso, há uma carência de mão de obra qualificada para fazer frente às novas tecnologias que estão surgindo.

“Vagas (para cursos) existem, mas os produtores precisam buscar essa capacitação. Falta gente para até para operar uma simples empilhadeira”, ressaltou Castro. “Há uma distância entre a falta de mão de obra qualificada e a demanda da vaga. Ainda teremos de conviver um período com essa carência, mas estamos tentando reverter isso.”

Tecnologia e assistência técnica

Em meio ao debate, o representante do Senar-MT destacou ainda que, no âmbito da qualificação, investimentos em produtos educacionais de promoção social e de assistência técnica e gerencial são importantes para que os produtores permaneçam trabalhando no campo, com renda e protegendo o meio ambiente. “Se a pessoa quer viver e trabalhar no campo, precisa estudar muito”, disse Castro.

“Levamos aos produtores o conhecimento. Recebemos novas tecnologias a cada ano e temos de estar sempre capacitados para transmitir esse saber”, afirmou o superintendente , acrescentando que hoje em dia o pequeno produtor está fora do contexto tecnológico e precisa de assistência técnica.

Já o presidente da SNA lembrou que atualmente o grande produtor é bastante tecnificado, trabalha com agricultura de precisão, evitando desperdícios, e “não deve nada a nenhum país do mundo.”

Educação

Outro aspecto ressaltado à ocasião por Castro e Ribeiro foi o debate em torno da questão sucessória. “A nova geração precisa de apoio, de estímulo. Muitas vezes os jovens não querem dar continuidade ou participar dos negócios, porque acham que as atividades não vão surtir o resultado esperado, então eles acabam procurando outra ocupação”, explicou o superintendente do Senar-MT.

Nesse sentido, complementou Ribeiro, “é importante desenvolver um trabalho de educação empreendedora com crianças e jovens para mostrar a importância das atividades sustentáveis, que hoje constituem uma exigência do mercado internacional em todos os setores, sendo também uma condição para que os países não sofram restrições.”

Bioeconomia

O diretor do Sebrae-MT disse ainda que “o mundo precisa de novos produtos” e que o Brasil, diante de sua rica biodiversidade em regiões como a Amazônia, poderá promover o crescimento da bioeconomia que, segundo ele, tem potencial para a geração de um mercado promissor com produtos inovadores.

Ao destacar a importância da biodiversidade, o presidente da SNA reconheceu que esse é um campo pouco explorado no País, principalmente na Amazônia, “que tem uma riqueza inesgotável”.

“É preciso investir na formação de pessoal para atuar nesse setor”, disse Alvarenga, que também comentou sobre a relevância do papel da indústria na cadeia produtiva do agro.

Logística e armazenagem

Ainda durante o debate, o presidente da SNA ressaltou que o setor de logística evoluiu muito nos últimos anos e que “irá avançar ainda mais” com a construção de estradas, a implantação de novos modais e a melhoria da infraestrutura dos portos, principalmente os do Arco Norte, para impulsionar as exportações.

Porém, segundo Alvarenga, a questão da armazenagem no País ainda é deficitária. “O setor não comporta nossa produção. É preciso dar maior incentivo à construção de armazéns.”

Projetos e profissões

O painel sobre os profissionais do agro teve transmissão online e foi coordenado por Lélia Brun, superintendente e diretora regional do Serviço Social da Indústria (Sesi-MT) e do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-MT).

Na ocasião, ela citou alguns dos projetos desenvolvidos pelas entidades participantes voltados para a capacitação em vários segmentos do agro.

Lélia também mencionou uma recente pesquisa realizada pelo Senai, Universidade Federal do Rio Grande do Sul e agência alemã GIZ, que identificou algumas profissões emergentes voltadas para o agro que deverão ganhar destaque nos próximos anos.

O estudo chamou a atenção para especializações como técnico em agricultura, técnico em agronegócio e engenheiro agrônomo – todas focadas na área digital – além de outras como operador de drones, agricultor urbano, engenheiro de automação agrícola e design de máquinas agrícolas.

Acesse aqui, na íntegra, o painel “Os Profissionais do Agro Sustentável: Capacitação e Empreendedorismo”.

 

 

Fonte: Fits Agro

Equipe SNA

 

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