Estiagem e geadas reduzem ainda mais a produção de cana-de-açúcar nacional

A estimativa de queda no volume da cana-de-açúcar no Brasil está prevista em 9,50%, de acordo com o 2º Levantamento da Safra 2021/22, divulgado nesta quinta-feira pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

A expectativa é que sejam colhidas 592 milhões de toneladas, representando um volume de cerca de 62 milhões de toneladas de matéria prima a menos em relação à safra 2020/21.

Os efeitos climáticos adversos da estiagem durante o ciclo produtivo das lavouras e as baixas temperaturas registradas em junho e julho estão entre as causas da redução, que incluem ainda episódios de geadas em algumas áreas de produção, sobretudo nos estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

No primeiro levantamento realizado pela Conab em maio, os números já mostravam queda percentual de 4% na cana em relação à safra anterior.

Sudeste, Centro-Oeste e Sul

A pesquisa para o 2º levantamento revelou que na região Sudeste, principal produtora do País, houve redução de 6,60% na área a ser colhida, totalizando 5 milhões de hectares, e uma queda de 13,30% na produção, estimada de 371.5 milhões de toneladas.

Já o Centro-Oeste, com área semelhante à colhida na última safra, tem volume estimado de 135.4 milhões de toneladas, 3,20% menor que o da safra anterior.

No Sul, o pequeno aumento de 0,20% na área cultivada não garantiu um incremento na produção total, que pode chegar a 31.9 milhões de toneladas, com redução de 6,70% em comparação com o ciclo passado, devido à queda na produtividade.

Norte e Nordeste

Já no Nordeste houve redução de 1,90% na área a ser colhida, mas o aumento de 4,20% na produtividade média deverá resultar em uma produção de 49.5 milhões de toneladas, 2,20% a mais que na safra passada.

Na região Norte, a tendência é de manutenção da área a ser colhida e crescimento de 7,50% de matéria prima, totalizando 3.7 milhões de toneladas.

Etanol

Com a menor oferta de matéria prima, haverá impactos nos derivados da cana. A produção total de etanol, que engloba informações do produto à base de cana-de-açúcar e de milho, deve ser afetada nesta safra. O volume estimado é de 29.22 bilhões de litros, com redução de 10,80% em relação ao ciclo anterior.

No caso do etanol à base de cana, a produção deve chegar a 25.86 bilhões de litros, com diminuição de 13,10% em comparação com a safra 2020/21.

O etanol anidro de cana-de-açúcar, utilizado na mistura com a gasolina, deverá aumentar 5,60% em relação à última temporada, totalizando 9.84 bilhões de litros. Para o hidratado, a estimativa é de 16.02 bilhões de litros, com redução de 21,6% em relação à safra anterior.

No caso do etanol de milho, a produção continua em expansão e deverá ter aumento de 11,20% em relação à safra passada, sendo estimado em 3.36 bilhões de litros nesta temporada.

O etanol anidro de milho é estimado em 1.02 bilhão de litros, 9,40% superior à temporada anterior. Para o hidratado, a projeção é de 2.34 bilhões de litros, um aumento de 12,10% em comparação à safra 2020/21.

Açúcar

A produção de açúcar no País também sofre os impactos com as reduções na oferta de cana. Estimado em 36.9 milhões de toneladas, o volume de açúcar previsto é 10,50% menor que o produzido na temporada anterior.

Diante do cenário de aumento das incertezas sobre a oferta futura, o preço médio do açúcar em julho deste ano chegou em 17,74 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa de Nova Iorque, o que corresponde a uma alta de 3,10% em relação ao preço médio do mês anterior.

Na primeira semana deste mês de agosto, as cotações já superam a casa de 18,00 centavos de dólar por libra-peso. Essa valorização do açúcar no mercado internacional, combinada à taxa de câmbio elevada no Brasil, contribui para que as exportações de açúcar se mantenham em patamares elevados na safra atual.

Exportações

Assim como no ciclo anterior, o açúcar exportado pelo Brasil nos primeiros quatro meses da safra 2021/22 (9.5 milhões de toneladas) continua tendo como principais destinos países da Ásia e África.

Com relação ao etanol, a exportação foi cerca de 691.1 milhões de litros no acumulado de abril a julho de 2021, o que corresponde a uma queda de 16,90% em relação ao mesmo período do ciclo anterior.

Assim como acontece com o açúcar, o etanol é afetado pelas adversidades climáticas que atingiram a produção da matéria-prima no campo. O principal destino, no acumulado dos primeiros quatro meses da safra 2021/22, foram os Estados Unidos, país que adquiriu cerca 205.9 milhões de litros de etanol brasileiro no período, 28,90% do total exportado.

Compra

A redução da oferta interna também é restringida pela queda da importação. O Brasil importou cerca de 63.3 milhões de litros de etanol no acumulado de abril a julho de 2021, uma redução de 73,30% em relação ao mesmo período da safra passada.

Com a taxação do etanol proveniente dos Estados Unidos, o volume importado tem como origem principal o Paraguai, que sozinho foi responsável por cerca de 99,80% de todo o etanol importado pelo Brasil no período.

Informações

Os dados completos sobre o 2° Levantamento da Safra 2021/22 de cana-de-açúcar e as condições de mercado deste produto podem ser conferidas no Boletim de Safra da Cana-de-Açúcar.

Outras informações sobre os efeitos do clima nas safras são disponibilizadas regularmente nas edições do Monitoramento de Geadas e no Boletim de Monitoramento Agrícola da Conab.

 

 

Fonte: Conab

Equipe SNA

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