O Estado de Minas Gerais vai perder pelo menos 25% de sua safra 2022 de café arábica por causa das geadas recentes, informou José Marcos Magalhães, presidente da cooperativa Minasul, com sede em Varginha, no sul de Minas, principal área produtora de arábica do País.
O Brasil é responsável por mais de um terço da oferta mundial de arábica, e Minas Gerais produz cerca de dois terços desse volume. A pior onda de frio desde 1994 em importantes regiões de cultivo causou danos em muitas plantas. As baixas temperaturas nesta semana e em agosto podem agravar ainda mais a situação.
“Isso vai significar uma perda considerável de produção no ano que vem”, disse Magalhães. “Acreditamos que vamos perder 25% da safra em Minas Gerais, e a situação pode piorar dependendo do clima nas próximas semanas.”
A colheita da safra 2021 ainda não foi concluída, mas o clima frio terá impacto limitado sobre a produção neste ano, já que as folhas dos pés de café protegem as cerejas. O impacto será muito maior em 2022, porque as plantas têm um ciclo de dois anos. Os galhos crescem em 12 meses e produzem as cerejas de café no período seguinte.
Baixas temperaturas
“As temperaturas em áreas próximas à cooperativa Minasul chegaram a 10ºC negativos”, disse Magalhães, acrescentando que temperaturas de 2ºC negativos já começam a causar danos nas plantas. Segundo ele, o frio foi ainda mais intenso em São Paulo e no Paraná, e as perdas nesses estados devem ser maiores.
Uma seca no ano passado e neste ano já havia afetado o desenvolvimento das plantas e reduzido o tamanho das safras 2021 e 2022 de arábica.
Para Magalhães, é possível que o Brasil não consiga produzir café suficiente em 2022 para atender à demanda. “É cedo para dizer, mas parece que teremos problemas para abastecer o mundo em 2022.”
O executivo disse, porém, que o Brasil deve cumprir suas obrigações contratuais, em parte porque está concordando em vender menos café da próxima safra.
O impacto da onda de frio deve ser sentido além do próximo ano. Magalhães afirmou que muitas plantas jovens que começariam a produzir em 2023 foram destruídas ou danificadas pelas baixas temperaturas, e que não há tempo para substituí-las.
Fonte: Dow Jones Newswires
Equipe SNA