A Caixa Econômica Federal já deu início às operações do Plano Safra 2021/22. A instituição, que participa pela primeira vez do programa de financiamento, disponibilizou R$ 35 bilhões para os próximos doze meses. Os recursos serão destinados a agricultores familiares e pequenos e médios produtores rurais, além de agroindústrias e cooperativas.
Desse total, R$ 7.3 bilhões se referem a recursos equalizados pelo Governo Federal, e R$ 28 bilhões são de investimentos da própria Caixa. O objetivo do banco é proporcionar um crédito mais barato ao produtor e maior rentabilidade à produção.
“Armazéns/silos e irrigação são nosso foco principal (de financiamento). Já temos pelo menos dez projetos muito acelerados nesses setores. É importante que a gente financie, principalmente, os pequenos produtores. Nossa meta é ser o maior banco do agro em dois ou três anos, disse Pedro Guimarães, presidente da Caixa, durante videoconferência realizada nesta quarta-feira pela Sociedade Nacional de Agricultura (SNA). O evento foi coordenado pelo presidente da SNA, Antonio Alvarenga.
Segundo Guimarães, a primeira operação do Plano Safra foi realizada para a cooperativa Aurora, de Santa Catarina. “Devemos assinar, nos próximos dias, em Porto Alegre, o primeiro contrato do Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp), que no Plano Safra recebeu R$ 10 bilhões de recursos da própria Caixa, sem equalização”.
Pronaf, títulos e FCO
No entanto, o executivo afirmou que o maior desafio do banco será o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). “É o que mais queremos fazer. Temos dificuldades operacionais, mas estamos avançando”.
O presidente da Caixa destacou ainda que o banco está acelerando o financiamento para pessoas que já receberam seus títulos fundiários e falou sobre a possibilidade da instituição atuar na gestão do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO).
Protagonismo
No momento, a Caixa da está em processo de abertura de 250 novas agências. Desse total, 80 serão inteiramente dedicadas ao agronegócio. O setor também deverá contar com o suporte de cerca de 10.000 correspondentes bancários para a realização de operações. “A Caixa veio para disputar o protagonismo no agro”, destacou Guimarães.
Durante a videoconferência, o executivo debateu com representantes de diversas instituições do agro algumas propostas de estímulo ao crédito rural.
Cooperativas
Márcio Lopes de Freitas, presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), disse que as cooperativas de crédito “podem ser aliadas da Caixa na pulverização de financiamentos ao longo dos anos”.
O secretário de Agricultura do Rio de Janeiro, Marcelo Queiroz, afirmou que é preciso “democratizar o crédito rural” e acrescentou que alguns setores da economia no estado, entre eles , o das cooperativas de leite, “precisam avançar”, com mais incentivos.
Outros investimentos
Em mensagem enviada durante o evento, o diretor técnico da SNA, Alberto Figueiredo, disse que “o ‘calcanhar de Aquiles’ do agro é a baixa produtividade das pastagens” e que o crédito para seu melhoramento “deve ser prioridade”.
Já o produtor e empresário Walter Horita chamou a atenção para a importância de investimentos na correção dos solos como forma de atingir altas produtividades; propôs à Caixa a adoção do sistema de renovação automática de crédito e de linhas de financiamento em dólar a taxas menores, e acrescentou que, no setor de estocagem, é preciso haver mais equilíbrio entre os preços mínimos e os preços de mercado.
Ainda à ocasião, André Pessoa, CEO da Agroconsult, defendeu o incentivo e a expansão do mercado de financiamento de terras.
Francisco Turra, presidente do Conselho de Administração da Associação dos Produtores de Biocombustíveis do Brasil (Aprobio), afirmou que “o financiamento integrado como forma de modernizar a infraestrutura dos estabelecimentos, como por exemplo, em aviários, na criação de suínos e no setor de genética, é de grande importância”.
Sustentabilidade
Maurílio Biagi, vice-presidente da SNA, informou que há um grande movimento no País para incentivar investimentos no agro e na indústria para a produção de hidrogênio verde a partir de biocombustíveis, e propôs à Caixa que avalie seu interesse nessa questão.
Sylvia Wachsner, diretora da SNA, sugeriu à Caixa a implementação de um projeto de financiamento exclusivo para a agricultura familiar e orgânica.
Análise
Investimentos em assistência técnica rural, créditos de carbono, etanol de soja, consórcios, projetos sustentáveis, entre outros, também foram propostos ao presidente da Caixa, que manifestou interesse em acolher e analisar as sugestões apresentadas.
Presenças
Também participaram da videoconferência João Martins, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA); Bartolomeu Braz Pereira, presidente da Aprosoja Brasil; Teresa Vendramini, presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB); César Borges de Souza, vice-presidente da Caramuru Alimentos; Geraldo Borges, presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite); Luis Barcelos, diretor institucional da Associação Brasileira dos Produtores Exportadores de Frutas e Derivados (Abrafrutas); Josélio de Andrade Moura, presidente da Academia Brasileira de Medicina Veterinária (Abramvet), entre outros.
Fonte: Caixa
Equipe SNA