Às vésperas do anúncio do Plano Safra, o produtor, engenheiro agrônomo e diretor da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Alberto Figueiredo, defendeu uma transição gradativa da modalidade de custeio para a de investimento, na concessão de crédito subsidiado com recursos do Tesouro Nacional.
Para Figueiredo, “o crédito rural é um importante instrumento de estruturação do setor produtivo”, mas, segundo ele, isso só será viável “a partir de investimentos que permitam a ampliação da atividade financiada, tanto no sentido do crescimento vertical, quanto da introdução de tecnologias inovadoras que aumentem a produção, a produtividade e, principalmente, a rentabilidade para gerar riquezas de forma sustentável”.
Segundo o diretor da SNA, “há uma expectativa de que possamos dar maior importância à oferta de recursos que modificam o panorama da pequena, média ou grande propriedade”.
Nesse contexto, Figueiredo citou como exemplo os investimentos que uma pequena propriedade produtora de leite poderia receber para a melhoria das pastagens destinadas à alimentação do rebanho ou para a melhoria das instalações como forma de garantir conforto aos animais na pecuária, principalmente nos locais de ordenha e de descanso.
Na agricultura, acrescentou o especialista, “é possível pensar no restabelecimento das condições nutricionais do solo, por meio da adubação verde ou da tecnologia da Integração Lavoura-Pecuária-Floresta”.
Distorção
O diretor da SNA classificou como “grosseira distorção” a insistência “no uso de recursos públicos escassos e deficitários para financiar a juros negativos multinacionais de fertilizantes, sementes e produtos químicos, por meio do custeio a produtores”.
Figueiredo considerou que “a constituição de capital de giro próprio deve ser responsabilidade de cada empresário, e não do paternalismo governamental”, e afirmou que “hoje em dia, é preciso entender que o Tesouro Nacional precisa dar prioridade aos recursos destinados à pandemia”.
Marca inédita
Nos 11 meses da safra 2020/21, já foram desembolsados R$ 216.2 bilhões para o crédito rural, volume 25% superior ao registrado no mesmo período na temporada passada. Houve aumento em todas as frentes.
A alta mais forte foi nos investimentos, com aumento de 47%, para R$ 65.9 bilhões, seguida pelo custeio, que cresceu 21%, para R$ 117.1 bilhões. Os financiamentos para comercialização, com R$ 21.8 bilhões, e para industrialização, com R$ 11.4 bilhões, aumentaram 5% e 11%, respectivamente.
Líder de mercado, o Banco do Brasil informou esta semana que superou a marca de R$ 200 bilhões no portfólio de clientes do agronegócio. O presidente da instituição, Fausto Ribeiro, disse que o resultado foi obtido com dois recordes seguidos de desembolsos mensais, em abril (mais de R$ 11 bilhões) e maio (mais de R$ 12 bilhões).
Fontes: Norte Agropecuário/Valor
Equipe SNA