Boi: exportações de carne se mantêm acima das 100 mil toneladas desde julho de 2018
Os surtos de Peste Suína Africana (PSA) na China desde 2018 fizeram com que o Brasil mantivesse as exportações de carne bovina sempre acima de 100.000 toneladas mensais, informou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq-USP), em relatório.
“Desde julho de 2018, o Brasil sustenta os embarques mensais para o mercado externo acima de 100.000 toneladas”, confirmou o Cepea. “Até então, a sequência anterior mais longa com as vendas acima desse volume havia sido registrada entre maio de 2006 e junho de 2007, ou seja, por 14 meses.”
Com os surtos de PSA na China, o gigante asiático perdeu, desde 2018, cerca de metade do seu rebanho suíno, avaliaram fontes do mercado. “Esse contexto levou o país asiático a abater grande parte do rebanho de suínos e, consequentemente, aumentar a demanda por carne no mercado internacional”, indicou o Cepea.
Concentração
Em consequência desta situação, houve concentração de vendas à China. O Cepea relatou que, em 2018, de todo o volume de carne bovina embarcado pelo Brasil, 43,70% tiveram como destino o país asiático, considerando também Hong Kong.
Em 2019, esses embarques para os chineses aumentaram para 45,30%, e em 2020, para 58,70%. “Na parcial de 2021 (até abril), das 559.800 toneladas exportas pelo Brasil, 329.310 toneladas foram para a China, ou seja, 58,83% do total, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).”
Dólar
Para o Cepea, a alta do dólar também estimulou as exportações nos últimos três anos. No início de 2018, o dólar estava por volta de R$ 3,20, subindo para R$ 3,83 em julho. Em 2019, a moeda subiu ao patamar de R$ 4,00 na maior parte do ano e, em 2020, operou na casa dos R$ 5,00.
“Agora, em 2021, o dólar chegou a atingir a média de R$ 5,64 em março”, citou o centro de estudos, acrescentando que, entre julho de 2018 e abril de 2021, a moeda norte-americana se valorizou 45%.
Preços
Já no campo, a produção brasileira não conseguiu acompanhar o avanço da demanda por carne. “O resultado foi o contínuo aumento dos preços do boi gordo, da reposição e também da carne negociada no mercado atacadista nacional”, informou o Cepea, acrescentando que, em julho de 2018, o valor médio real do boi gordo (os preços foram deflacionados pelo IGP-DI) estava em R$ 209,00 subindo para R$ 219,00 no final daquele ano.
Em 2019, a arroba passou a ser negociada acima de R$ 220,00 em praticamente todo o ano, e em 2020, superou os R$ 300,00. Nos primeiros cinco meses de 2021, o boi gordo tem sido comercializado acima de R$ 310,00. Na BM&F, os contratos com vencimento no final deste ano operam na casa dos R$ 330,00.
Suínos: preços da carcaça e do animal vivo recuam com menor demanda das indústrias
Com um mercado interno de carne suína desaquecido, indústrias reduzem a demanda por novos animais e, com isso, os preços da carcaça e da carne do animal têm caído, informou Cepea/Esalq-USP, em relatório. “Quanto às exportações da proteína suína, após começarem o mês aquecidas, tiveram forte recuo na segunda semana de maio, reforçando o cenário de baixa liquidez”.
Segundo relatório parcial da Secex, de 10 a 14 de maio foram exportadas 3.000 toneladas/dia de carne suína fresca, com queda de 47,80% em relação à média de 5.700 toneladas/dia registrada na primeira semana do mês.
Em relação aos preços de cortes, na média do Estado de São Paulo, o levantamento do Cepea indicou que a paleta desossada se desvalorizou 2% de 11 a 18 de maio, a R$ 12,61/kg na terça-feira (18/5).
Para o pernil com osso, o recuo foi de 2,50% no mesmo período, a R$ 12,07/kg. Já para a carcaça, a queda de preços foi mais forte. Do Sul ao Sudeste os preços cederam. No atacado da Grande São Paulo, a carcaça especial suína se desvalorizou fortes 10,70% em sete dias, a R$ 9,41/kg na terça-feira.
Cotações
Com relação ao mercado do suíno vivo, a preocupação de produtores com os insumos nutricionais, principalmente o milho, tem pressionado os preços. O receio de novas elevações nas cotações do cereal e a dificuldade de aquisição no mercado spot faz com que suinocultores não consigam segurar animais na granja, ofertando a preços reduzidos para escoar a produção.
Na região SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), o animal foi negociado a R$ 6,35/kg, em média, no dia 18, queda de 10,90% em sete dias. Em Ponte Nova (MG), a queda foi de expressivos 16% no mesmo período, com o suíno a R$ 6,30/kg na última terça-feira.
No oeste catarinense, a desvalorização do vivo foi de 9,90% de 11 a 18 de maio, com o suíno caindo para R$ 7,01/kg na última terça-feira. Em Erechim (RS), o animal atingiu a média de R$ 6,91/kg no dia 18, com queda de 3,10% no mesmo comparativo.
Fontes: Broadcast Agro/Cepea
Equipe SNA